Petista acusa Serraglio de ‘precipitação e imprudência’

O governo escalou hoje o deputado Carlos Abicalil (PT-MT) para contestar a informação do relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), de que pelo menos R$ 10 milhões de dinheiro público, supostamente, desviados do Banco do Brasil (BB) alimentaram o caixa dois do PT. Por determinação do chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Jaques Wagner, Abicalil acusou Serraglio de "precipitação e imprudência" por divulgar que a origem do dinheiro desviado são cotas do BB no Fundo de Incentivo da Visanet, numa operação que envolveu a agência de publicidade DNA Propaganda, do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

Segundo o deputado do PT do Mato Grosso, a agência de publicidade tinha em várias contas correntes um total de R$ 46 milhões, em 26 de março de 2004, dia em que a Tolentino Associados, uma das empresas de Valério, obteve um empréstimo do Banco BMG no valor de R$ 10 milhões. "Só no Banco do Brasil, a DNA tinha na conta corrente R$ 23 milhões. Ou seja, o Marcos Valério não precisava pedir o empréstimo para esquentar o dinheiro. Além disso, não se pode afirmar que esse dinheiro na conta corrente da DNA no Banco do Brasil era todo público. O Marcos Valério tinha vários clientes privados", alegou Abicalil, que é um dos integrantes da CPI. "Não se pode afirmar também que os R$ 10 milhões transferidos da conta da DNA no Banco do Brasil para o BMG eram dinheiro público", afirmou.

Ele rejeitou ainda a informação dada pelo relator da CPI dos Correios, ontem (03), de que o pagamento por trabalhos antecipados de publicidade só começaram a ser feitos a partir de 2003, na gestão do ex-diretor de Marketing do BB Henrique Pizzolato. Segundo Abicalil, o banco adota a política de pagamento antecipado às agências de publicidade desde 2001. Na época, a DNA Propaganda era uma das agências que atendia a conta da Visanet – a outra era a Lowe. "Em 2001, a DNA recebeu antecipados R$ 12,7 milhões e, em 2002, R$ 4,5 milhões", afirmou o deputado do PT, que obteve os dados com a diretoria do BB. A partir de 2003, a DNA passou a ser a única agência que atendia a cota que o BB tem na Visanet. No período de 2003 e 2004, o BB autorizou o repasse adiantado de R$ 73,8 milhões à DNA, antes mesmo da aprovação de campanhas publicitárias específicas.

Abicalil disse ainda que não há provas de que a DNA recebeu R$ 9,05 milhões, em 1.º de junho de 2004, do BB para fazer publicidade da Visanet sem a contrapartida de prestação de serviços. "O BB não aferiu que não foram prestados serviços", afirmou. O deputado argumentou que a notificação feita pelo BB à DNA apenas avisa que encontram-se valores pendentes de conciliação, que totalizam os R$ 9,05 milhões. "Há documentos em poder da Polícia Federal (PF) com contabilidade da DNA. Se esses documentos comprovarem que os R$ 9 milhões foram gastos, não se poderá dizer que esse dinheiro foi usado para cobrir o empréstimo com o BMG", disse.

Segundo Abicalil, Valério apresentará na terça-feira (08) à CPI toda a documentação que comprova os gastos dos recursos repassados pelo BB em junho de 2004. De acordo com a notificação do BB à DNA, que foi encaminhada no dia 25, a agência de publicidade precisa comprovar os gastos de R$ 9,05 milhões. A CPI descobriu que, em 12 de março de 2004, a Visanet, por autorização do BB, depositou R$ 35 milhões na conta da DNA. Três dias depois, a agência aplicou R$ 34,9 milhões num fundo do BB e, em 22 de abril, transferiu R$ 10 milhões para o BMG. Quatro dias depois, o BMG emprestou o mesmo valor à empresa Tolentino Associados. O empréstimo é um dos seis listados por Valério como fonte de recursos do caixa dois do PT.

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