Brasília – "O Brasil poderia triplicar a área de produção de soja se adotasse a lei da livre biotecnologia", afirmou o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Alexandre Nepomuceno. Em entrevista hoje (14) à Rádio Nacional, Nepomuceno lembrou que a soja geneticamente modificada tem maior tolerância à seca e que hoje foram apresentados em Londrina (PR), no Congresso Brasileiro de Soja, promovido pela Embrapa Soja, os primeiros resultados do projeto para o produto.
Também coordenador do projeto, Nepomuceno explicou que por meio de parceria com o governo japonês foram desenvolvidas durante três anos pesquisas com um gene da planta Arabidopsis thaliana, chamado Dreb (Dehydration Responsive Element Binding Protein, ou Proteína de Resposta à Desidratação Celular). O Dreb, disse, liga os genes de defesa da soja e faz com que ela se torne mais tolerante à falta de água.
O Brasil, de acordo com o pesquisador, é o único grande produtor de grãos que ainda não tem uma legislação favorável aos transgênicos. Ele citou os exemplos dos Estados Unidos, Argentina, Austrália, Canadá, China, que já plantam e comercializam produtos geneticamente modificados. "É complicado em um país como o nosso, com o potencial que tem na agricultura, o produtor não ter essa opção", afirmou. E ressaltou que a maior parte das tecnologias se destina aos pequenos produtores.
Depois de lembrar que na safra de 2004/2005 o Rio Grande do Sul teve uma perda de 70% na produção, enquanto no Paraná o índice foi de 22%, Nepomuceno alertou que "essa tecnologia de usar plantas geneticamente modificadas não vai resolver o problema da seca ? nenhum ser vivo vive sem água" e informou que o objetivo é "diminuir essas perdas".
Segundo o pesquisador, a Embrapa pretende fazer os primeiros testes de campo em 2007, assim que tiver a autorização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).