Rio ? Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), feita com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004 (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), constatou que o Brasil tem direcionado os gastos públicos para atender demandas das camadas mais pobres da população.
De acordo com o economista da FGV Marcelo Néri, apesar de esse processo estar reduzindo as desigualdades no país, ao aumentar os investimentos na área social, o governo está sendo obrigado a cobrar uma excessiva carga tributária da sociedade e a manter as taxas de juros em patamares elevados.
"Acho que o governo brasileiro aumentou bastante a capacidade e a eficiência de chegar aos mais pobres. Foi um aumento importante nos últimos anos, e os dados da Pnad mostram que o Estado brasileiro está aprendendo a fazer com que os seus recursos sociais cheguem aos mais pobres", disse Néri. Ele ressaltou que é preciso "aprender a gastar melhor, pois, gastando melhor, vai poder gastar menos, tributar menos, ter juros mais baixos e fazer o país crescer".
O economista lembrou que, embora desenvolva políticas que chegam a classes menos favorecidas, o governo mantém, ao mesmo tempo, antigos programas sociais cujos resultados não são satisfatórios.
"Nos últimos anos, o Brasil fez uma opção por crescer muito, com alta taxa tributária e de juros, o que implica expansão dos gastos fiscais. Isso ocorre porque somente uma parte desses gastos chega aos segmentos mais pobres da população, uma vez que o Brasil manteve seu antigo regime de política social, este sim, pouco voltado para os mais pobres", ponderou.
Néri defende a substituição desses programas no sentido de "gastar mais com os pobres e menos com os segmentos menos pobres". "É esta preocupação com o passado que está travando o crescimento da economia".