Brasília – Pesquisa inédita divulgada nesta quinta-feira (31) pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) identificou 635 iniciativas de agricultura urbana e peri-urbana nas 11 regiões onde o estudo foi realizado. As cidades pesquisadas se localizam nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Fortaleza, Belém, entre outras.
A agricultura urbana é aquela desenvolvida em pequenas áreas dentro de uma cidade, ou no seu entorno (peri-urbana), com o objetivo de produzir para consumo próprio ou venda em pequena escala, em mercados locais.
O estudo revelou que do total de iniciativas, 396 estavam nos municípios-centro das regiões metropolitanas e 247 nas demais cidades. Na maioria dos casos, essas iniciativas são projetos, com exceção da cidade de Curitiba, onde existe maior organização devido a programas da Prefeitura Municipal em conjunto com a Ação Social da Igreja Católica.
A região Centro/Sul apresentou maior incidência dessas modalidade de agricultura, com 59% desas inciativas. Para Crispim Moreira, diretor do Departamento de Promoção de Sistemas Descentralizados da Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan) a importância do estudo reside no fato de poder indicar caminhos para novas diretrizes do ministério no que diz respeito ao tema
?Essa pesquisa é importante para nós, pois nos diz quem faz, onde faz, como faz agricultura urbana no Brasil. Ela também servirá para apontar diretrizes para a construção de uma política, organizar caminhos para que agricultura urbana se firme de vez como uma grande arma para o combate à fome?, disse Crispim Moreira.
Ele afirmou que a agricultura urbana é uma solução para o problema da fome, da insegurança alimentar e da falta de trabalho para os pobres nas cidades. Por isso o ministério destina financiamento público anual na de R$ 10 milhões para manter a iniciativas que estão ocorrendo no Brasil e estimular novas experiências.
Maria Angela Fernandes produtora agroecológica de Porto Alegre vê a agricultura urbana como a solução para o problema de abastecimento nas grandes cidades brasileiras. ?Diminui as distâncias, então você irá ter um produto de qualidade e mais perto, pois longos caminhos resulta em mais substâncias para conservá-la ou você come uma fruta que já está machucada?, disse.
Para a produtora, a dificuldade de obter financiamento é o que impede os pequenos produtores de desenvolver novas iniciativas ou expandir as já existentes. ?Na verdade o governo faz uma fala que o Pronaf é acessível a todos, mas se você não tiver bens para te bancar a segurança daquele pagamento, os gerentes não irão nos receber. O banco está acostumado a receber o grande produtor, tem que ter retorno.?
Para Crispim Moreira o cooperativismo é o caminho para esses pequenos produtores que residem no limiar da zona rural e da zona urbana. ?A agricultura urbana que nós praticamos é baseada na agricultura cooperativa, comunitária e dentro do conceito de agroecologia?, disse.
Ele disse que orçamento do Ministério é de R$ 22 bilhões, desses R$ 400 milhões é destinado a Secretária Nacional de Segurança Alimentar e R$ 10 milhões são destinados aos cerca de 130 gestores de programas e projetos de Agricultura Urbana.
Os dados da pesquisa foram divulgados essa manhã na cidade de Brasília dentro da Seminário Nacional sobre Agricultura Urbana que começou nesta quinta-feira (31) e termina amanhã.