Diante da insistência do mercado em desvalorizar o dólar norte-americano, aqui e lá fora, a ponto de a moeda dos Estados Unidos ter fechado o ano cotada a R$ 2,65, analistas de mercado e instituições financeiras ouvidos pelo Banco Central, semana passada, reduziram para R$ 2,95 a projeção da taxa de câmbio no final de 2005.
Em contrapartida, a pesquisa que dá origem ao Boletim Focus mostra que o mercado não está muito otimista em relação à taxa básica de juros (Selic). Os analistas prevêem que a taxa, hoje de 17,75% ao ano, subirá para 18% na reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom). Com isso, a previsão de 15,50% ao final do ano aumentou para 16%.
A última pesquisa de 2004, feita pelo BC, sobre as tendências dos principais indicadores de mercado, mostra que houve melhora nas expectativas de crescimento da produção industrial, de 7,62% para 7,69%, mas a perspectiva geral é de que o crescimento será menor neste ano: em torno de 4,5%.
Outra melhora projetada pelo mercado diz respeito à redução (de 52,35% para 52,10%) da relação entre dívida líquida do setor público e Produto Interno Bruto (PIB), que caiu pela nona semana seguida. O mercado acredita, contudo, que essa queda vai estancar, de modo a que a relação dívida/PIB se mantenha em 52% no final de 2005.
O mercado manteve a projeção de 5,10% para o crescimento do PIB (3,50% no ano que vem); melhorou o saldo de conta corrente, de US$ 10,69 bilhões para US$ 10,70 bilhões (US$ 3 bilhões em 2005); e elevou a entrada de investimentos estrangeiros, de US$ 16,10 bilhões para US$ 16,20 bilhões (US$ 13 bilhões em 2005).
O Boletim Focus prevê, porém, a redução do superávit da balança comercial neste ano para US$ 26,39 bilhões, diante do saldo de cerca de US$ 34 bilhões que será anunciado hoje pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.