Pesquisa da Embrapa com feijão transgênico recebe ”passe livre”

Brasília – A Embrapa já pode iniciar a pesquisa de campo com o feijão transgênico resistente ao vírus do mosaico dourado, doença transmitida pela mosca-branca e considerada a maior praga da cultura do feijão. A liberação da Licença de Operações para Áreas de Pesquisa (Loap), concedida pelo Ibama, e do Registro Especial Temporário (Ret), concedido pelo Ministério da Agricultura, foi anunciada hoje na sede da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), em Brasília.

O plantio começa na 2ª feira (15), no campo experimental da Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás, a 12 quilômetros de Goiânia. Durante os próximos três anos, o feijoeiro geneticamente modificado será avaliado nos aspectos de biossegurança alimentar e ambiental da nova linhagem para atestar que não houve qualquer tipo de alteração – além das inseridas pelo novo gene – na cultivar modificada.

O feijão transgênico é pesquisado pela Embrapa desde 1991, quando as primeiras plantas tolerantes à doença receberam fragmentos do mosaico dourado para bloquear o RNA do vírus, o que funciona como uma espécie de vacina. O vírus se reproduziu dentro da planta de forma ineficiente, tardia e com baixo índice de infecção, ou seja, continuaram com os sintomas, mas de forma fraca.

O próximo passo foi desenvolver plantas totalmente imunes à doença, empregando a metodologia de transdominância letal, que consiste na introdução da proteína que replica o DNA viral (replicase) do vírus da planta. As primeiras plantas transgências foram obtidas em 1999. Por um ano a pesquisa ficou restrita a testes confinados em casas de vegetação, onde as plantas foram expostas a moscas-brancas portadoras do vírus do mosaico dourado.

Nos testes de campo, a Embrapa é obrigada a manter medidas de segurança e biossegurança para prevenir fluxo gênico, aumentar a freqüencia de rondas de vigilância para evitar o acesso de pessoas não autorizadas no local do experimento e a implementar um projeto de educação ambiental sobre o feijão geneticamente modificado. Quando o teste for concluído, a empresa terá que destruir qualquer vestígio da plantação pelo processo de autoclavagem.

Entre 1999 e 2003, a empresa já desenvolveu linhagens transgênicas de feijão preto, carioca e jalo. Segundo o pesquisador responsável pelos estudos, Francisco Aragão, o domínio da tecnologia da transformação genética do feijão permite que genes resistentes a outras doenças sejam introduzidos e testados no produto, como o gene de resistência à seca e ao mofo branco.

De acordo com o presidente do Ibama, Marcus Barroso Barros, o instituto não será obstáculo ao desenvolvimento científico e tecnológico do país, mas sempre agirá com responsabilidade e balizamento ambiental no processo de concessão de autorizações de licença (Loap). Atualmente, o Ibama analisa 32 solicitações de pesquisa com Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), a maioria relativa às culturas do milho, soja e algodão.

A licença anunciada hoje é a segunda obtida pela Embrapa – a primeira foi para o mamão -, que ainda aguarda autorização para o início dos testes de campo com a batata.

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