Pesquisa com café transgênico pode ir a campo no ano que vem

Os primeiros testes com café transgênico devem ser levados a campo no Brasil a
partir do ano que vem. Com a aprovação da Lei de Biossegurança, que liberou o
cultivo de organismos geneticamente modificados no País, os estudos fora de
casas de vegetação devem ser acelerados, informa o pesquisador Luiz Gonzaga
Vieira, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), que faz parte do Consórcio
Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), reunindo
cerca de 40 instituições de pesquisa coordenadas pela Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Gonzaga Vieira será o representante
brasileiro no seminário sobre Café Geneticamente Modificado, promovido pela
Organização Internacional do Café (OIC), no dia 17 de maio, em Londres. Na
ocasião, os debates serão coordenados pelo chefe do Serviço de Padrão e
Qualidade de Alimentos, Ezzedine Boutrif, do Fundo para Agricultura e
Alimentação (FAO), das Nações Unidas. Embora ainda não exista café transgênico
disponível no mercado, o seminário pretende avaliar e tornar transparente para
os países-membros da OIC os diferentes estágios de pesquisa com o produto no
mundo.

Apesar da possibilidade de as pesquisas deixarem as casas de
vegetação a partir do ano que vem, Gonzaga Vieira observa que ainda está longe o
dia em que será possível cultivar comercialmente café transgênico no Brasil. "As
previsões indicam mais 10 ou 12 anos de pesquisa", diz. Segundo ele, por se
tratar de planta perene, o pé de café cresce mais lentamente e as avaliações
técnicas acompanham esse ritmo. Também é preciso conhecer o impacto sobre o meio
ambiente, o interesse do público consumidor, entre outros
fatores.

Gonzaga Vieira diz que o Iapar desenvolve atualmente pesquisas
com café transgênico resistente a herbicidas. Outra linha de estudo pretende
criar um tipo de café cuja maturação dos frutos seja uniforme, o que seria
fundamental para melhorar a qualidade dos grãos e evitar o ataque de pragas.
"Quanto mais tempo o café fica no pé, maior é a possibilidade de ataque de
pragas em busca de alimentos", explica. A Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia é outro centro nacional de pesquisa que estuda café tran
sgênico.

Os estudos com café geneticamente modificado são recentes no
Brasil e no mundo. Os primeiros resultados foram apresentados há cerca de 4
anos. A França desenvolveu um café resistente ao bicho-mineiro. Na mesma época,
o Japão apresentou estudo sobre um café com menor teor de cafeína. Os Estados
Unidos também realizam pesquisas na linha de transgenia.

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