Rio ? As vendas ao exterior do setor de têxteis e confecções tiveram queda de 16,65% nos primeiros três meses do ano em todos os estados, exceto no Rio de Janeiro, que teve alta de 1,38%. Nesse período, a média nacional de exportações do setor foi de US$ 71,1 milhões, e a do Rio, de US$ 5,56 milhões. Os números referem-se à comparação com o primeiro trimestre de 2005, quando o volume nacional de exportações do setor foi de US$ 80 milhões.
Os dados são da pesquisa do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e do Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa do Estado do Rio de Janeiro (Sebrae).
"A valorização do real frente ao dólar tornou esse produtos mais caro para exportação e, conseqüentemente, afetou as vendas, provocando essa redução no país", disse, em entrevista à Agência Brasil, o assessor econômico do CIN, João Paulo Alcântara.
O ranking da exportação brasileira do setor têxtil e de confecção é liderado por São Paulo, em função de seu grande parque industrial, mas o estado teve uma redução de 20% nas exportações nos três primeiros meses de 2006. Em segundo lugar vem o estado de Santa Catarina, seguido pelo Rio de Janeiro.
De acordo com Alcântara, o Rio de Janeiro, por ter uma característica própria de produção, mais artesanal, teve uma maior valorização em relação aos demais estados. Ele diz que um quilo de produtos têxteis e de confecção do Rio de Janeiro está sendo exportado por US$ 62, em média, enquanto a média nacional do quilo dos produtos é de US$ 20.
"Quer dizer, um quilo de roupa do Rio vale o triplo do quilo do Brasil, o que indica que, no Rio, há um valor agregado maior. Ou seja, esse produto é diferenciado e pode ser vendido mais caro e ainda assim tem mercado no exterior".
Ele avalia que esse movimento reflete o trabalho feito no estado desde 2000, de fornecer à indústria de confecção ferramentas como design, qualidade e atenção às tendências. Ele lembrou que o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, ressalta a necessidade de buscar instrumentos que ampliem o valor do produto nacional destinado à exportação.
"Se produzirmos bens de grande volume com preço baixo, vamos concorrer diretamente com países como a China e a Índia, que são grandes produtores e têm preços muito competitivos", observou Alcântara.
Na avaliação do economista, a recuperação será revertida forma gradual porque a moeda brasileira continua valorizada frente à moeda norte-americana. "Mantido o nível atual, a recuperação tende a ser lenta", afirmou, acrescentando que os estudos do governo para promover uma reforma cambial podem contribuir para a recuperação das exportações do setor em 2007.