Um em cada cinco brasileiros com mais de 10 anos de idade teve acesso a internet em 2005. Em números absolutos foram 32,1 milhões de pessoas que utilizaram a rede mundial de computadores no país, cerca de 21% da população.
O dados, divulgados nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fazem parte de um suplemento especial da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD 2005) sobre o uso das tecnologias de informação e comunicaçãono país.
Realizado em parceria com o Comitê Gestor da Internet, do governo federal, o levantamento traçou o perfil dos usuários de internet e telefone celular.
Em relação internet, o estudo mostrou que a maior proporção de usuários está entre os jovens: três de cada dez adolescentes, entre 15 a 17 anos de idade, utilizam o serviço, enquanto na faixa acima dos 40 anos o número de internautas cai para menos de um em cada 10.
A principal finalidade de acesso, segundo revelou a pesquisa, é a instrução, e mais de 40% dos usuários é estudante.
Para Paulo Fernando dos Anjos, aluno do ensino fundamental e que acessa a internet em um núcleo do projeto social Estação Futuro, da organização não-governamental Viva Rio, no Rio de Janeiro, a ferramenta é muito importante para complementar o aprendizado na sala de aula. Ajuda na minha formação. A cada coisa que a gente procura acaba aprendendo mais. Nem sempre a gente consegue achar uma coisa na biblioteca, então com o computador e a internet fica mais fácil, disse o estudante.
Outros usos da internet apontados foram as operações bancárias ou financeiras, interação com autoridades públicas e compra bens e serviços, concentradas em usuários com maior renda enível de escolaridade.
De acordo com Maria Lúcia Vieira, coordenadora da pesquisa, o uso da internet está diretamente relacionado com os níveis de instrução e de renda. Segundo ela, internautas ouvidos pelo IBGE tem em média mais de 10 anos de estudo, enquanto entre os não usuários a média não chega a seis anos de freqüência escola. Também é nas faixas de renda mais altas que está o maior percentual de pessoas que utilizam o recurso tecnológico. O rendimento médio mensal percapta das famílias dos usuários é em média de R$ 1 mil.
O perfil do usuário é o jovem de 15 a 17 anos, as pessoas mais escolarizadas e aquelas que moram em domicílios com rendimentos mais elevados. Então a escolaridade e os rendimentos estão muito associados ao acesso internet. Muitas pessoas não têm condições de ter computador, que é um bem caro, nos seus domicílios, e o acesso internet, também é um acesso caro, explicou Lúcia Vieira.
Entre as pessoas que não utilizam a rede mundial de computadores cerca de 128 milhões de brasileiros, em 2005, o principal impedimento apontado é justamente a impossibilidade de acesso ao computador. O argumento foi mencionado por 37,2% dos entrevistados. Entre os estudantes, o percentual dos que deixam de usar a internet para realizar trabalhos escolares por falta de computador passa de 50%.
Regionalmente, a pesquisa do IBGE revelou disparidade na utilização da internet. O maior percentual de usuários foi observado no Sudeste (26,3%), enquanto o Norte e Nordeste tiveram o menor número de internautas (12% e 11,9%, respectivamente). O índice mais alto de usuários entre as unidades da federação foi registrado no Distrito Federal, que chegou a 41,1% da população acima de 10 anos.
Em relação ao uso do telefone celular, o levantamento do IBGE mostrou que 36,7% das pessoas com mais de 10 anos de idade, possuíam o equipamento em 2005. A população com idade entre 25 e 29 anos é a que mais utiliza o serviço. Até a faixa os 24 anos o percentual de usuários de celular é maior entre as mulheres, depois dessa idade a situação se inverte.
Segundo Maria Lúcia Vieira, o perfil do usuário de celular não é tão jovem quanto o da internet e está mais relacionado coma ocupação profissional do que com a educação. Não existe tanta escolaridade, o uso do celular é muito mais fácil do que o da internet. O valor do bem é menor do que o do computador. Ele é muito utilizado, por exemplo, por pessoas ligadas a serviços domésticos, ou no transporte, por taxistas, destacou.
As regiões Sul e Centro-Oeste são as que apresentam o maior número de usuários de telefonia móvel, enquanto o Nordeste tem o menor percentual.
A pesquisa do IBGE foi realizada em 140 mil domicílios brasileiros e os resultados serão utilizados para nortear a execução de políticas públicas do governo federal na área de tecnologia da informaçãoe comunicação.