Pesquisa aponta para alto desperdício na aplicação de agrotóxicos

Só na aplicação de herbicidas de dessecação dos 4,1 milhões de hectares de soja desta safra, o Paraná poderia ter economizado de calda de agrotóxicos 10,25 milhões de litros. Em produto formulado são 205 mil litros desperdiçados no valor de R$ 2,460 milhões. Não foram levados em conta os ganhos na saúde humana e a redução do impacto ambiental.

Estes resultados foram obtidos por uma pesquisa inédita no país e exterior, realizada pelo agrônomo Fernando Adegas, responsável pela implementação do Projeto Grãos da Emater, empresa estadual vinculada à Secretaria da Agricultura, e apresentados na manhã desta quinta-feira (8), durante o Encontro de Avaliação das Perdas por Deriva nas Pulverizações de Agrotóxicos, na sede da Associação dos Engenheiros Agrônomos, em Londrina.

A pesquisa pioneira faz parte do Projeto ?Acerte o Alvo?, lançado em agosto de 2004 e com término previsto para julho de 2006, tendo o objetivo de eliminar em dois anos os problemas com a ocorrência de deriva nas pulverizações de agrotóxicos nos municípios produtores de grãos da região de Londrina.

Para o zootecnista Gil Abelin, chefe do Núcleo Regional da Seab e coordenador do projeto, em apenas um ano de trabalho a campo, a região reduziu em 70% o volume de reclamações e denúncias voltadas aos problemas de deriva?. Para tanto, foram realizados 32 treinamentos teóricos e práticos em 10 municípios, com 992 agricultores treinados pelo grupo gestor do projeto.

A meta para 2006 é a realização de 80 treinamentos, capacitando 2.850 operadores de pulverizadores na tecnologia de redução da deriva na região de Londrina. Abelim considera que as conquistas servem de argumento na expansão do projeto para as 15 regiões produtoras de grãos, abrangendo 300 municípios paranaenses, ?inclusive já fomos consultados para levar ele aos demais estados vizinhos.?

Produtor aprova

O produtor rural José Carlos Françolin, 53 anos, do sítio Monte Verde, na Estrada Vale Verde, em Cambé, cultiva mais 60 alqueires arrendados no próprio município, onde faz em média quatro pulverizações na produção do trigo e cinco na soja, devido o aparecimento da ferrugem. Garante que o projeto ?Acerte o Alvo?, serve para todos os demais agricultores que não querem ?problemas com vizinhos que cultivam outros tipos de lavouras sensíveis as derivas?.

Integrante das 75 propriedades rurais amostradas pela equipe de extensionistas nas regiões de Londrina, Apucarana e Cornélio Procópio, Françolin recebeu, durante o encontro a medalha de reconhecimento pelo desperdício de apenas 0,7 % da calda utilizada. ?O Projeto Grãos vai se dedicar na difusão e consolidação do Acerte o Alvo em todas as regiões produtoras de grãos do estado?, afirma o agrônomo Celso Seratto, diretor técnico da Emater. ?Ao participar do grupo gestor e da câmara técnica, a Emater está comprometida com os demais parceiros, em difundir as técnicas recomendadas nas pulverizações e por conseqüência garantir qualidade de vida da família rural e contribuir na preservação ambiental das propriedades rurais?.

O projeto, que também faz parte da profissionalização certificada do produtor rural paranaense, vai mais longe, destaca agrônomo Alvir Jacob, chefe da Fiscalização do Uso e Comércio de Agrotóxicos da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. ?A iniciativa criada na região de Londrina acerta também o alvo no principal problema mundial que é o uso incorreto da água potável, recurso natural finito e base talvez da terceira guerra mundial?.

Durante o encontro, o professor Edivaldo Velini, da Unesp-Botucatu (SP), apresentou sua metodologia para avaliação de perdas por derivas nas pulverizações, já em fase de análise para implementação pelas empresas e instituições integrantes do Grupo Gestor.

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