Rio de Janeiro – O emprego na indústria cresceu 0,8% no ano passado, mostrando estagnação em relação a 2005, conforme pesquisa do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). Para o economista-chefe da entidade, Edgard Pereira, o quadro é de estagnação. ?Vem (o emprego) mais ou menos numa mesma faixa do que aconteceu no ano anterior (2005) e está refletindo a situação da indústria?. No acumulado do ano até novembro, a queda do nível de emprego na indústria foi de 0,2%, comparado a 2005.
De acordo com Edgard Pereira, a demanda da indústria está crescendo, mas a atividade não está respondendo no mesmo ritmo ?porque muito desse dinamismo das vendas está vazando para o exterior, e na verdade sendo suprido por importações?. A explicação é que o consumo está crescendo mais rápido do que a indústria, e esse crescimento está sendo satisfeito com produtos importados, não fabricados no Brasil.
O economista prevê que a tendência para 2007 é de continuidade da estagnação para a ocupação industrial, porque não há perspectiva de alteração em 2007 do quadro de câmbio valorizado, que facilita a entrada dos produtos importados.
Apesar de os dados da indústria, referentes a dezembro, ainda não terem sido fechados, o IEDI apurou, com base no acumulado de janeiro a novembro de 2006, que a região que mais perdeu vagas na indústria foi a Sul, com queda de 2,6%. ?São locais aonde você teve a indústria mais prejudicada pela concorrência dos importados?, apontou Pereira.
As regiões Norte e Centro-Oeste foram aonde o emprego mais cresceu no ano passado (9,4%), especialmente nos locais onde estão instaladas indústrias voltadas para a exportação, com destaque para o Pará, cuja exportação de minério de ferro e álcool compensou o fechamento de uma unidade de produção de celulares na Zona Franca de Manaus.
O setor de serviço, no entanto, foi o que mais cresceu na oferta de empregos em 2006. As vagas perdidas na indústria foram captadas pelo setor. A prestação de serviços para empresas em geral cresceu 5%; o empregos em serviços domésticos teve a alta de 2,8%; no comércio o aumento foi de 1,6%, e na administração pública a expansão foi de 2,3%. ?O setor que mais cresceu a ocupação foi o de intermediação financeira e atividades imobiliárias, muito por conta de uma sempre crescente terceirização em serviços?, explicou Pereira.