O Brasil ainda está longe de viver a democratização do acesso aos computadores e à internet. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que 85% da população brasileira não têm acesso a computador em casa. A taxa de incluídos digitais, entretanto, cresceu significativamente nos últimos anos. Segundo o economista Marcelo Neri, coordenador da pesquisa, o número de pessoas com acesso a computador aumentou 50% em dois anos.
Em 2000, apenas 10% da população tinha acesso a computadores domésticos. “A cada quatro meses, um milhão de novas pessoas têm acesso a computador em casa”, disse Neri. A exclusão digital caminha junto com a exclusão social_ atinge mais as pessoas de menor escolaridade, negros e áreas menos desenvolvidas do país. Entre a população de cor negra, apenas 4% têm computador em casa. Já entre os brancos, o percentual sobe para 15,14%.
“Os apartheids racial e digital caminham de mãos dadas no Brasil, mesmo quando consideramos brancos e negros que obtiveram as mesmas condições de educação e emprego. Mesmo sob a igualdade destas condições, a chance de um branco ter acesso à internet é 167% maior que a de um não branco”, afirma Neri.
As diferenças de acesso ao computador e à internet se traduzem entre os estados. Nos mais pobres, impera a exclusão digital. Maranhão e Piauí apresentam as menores taxas. No Maranhão, apenas 2,38% tem acesso a computador em casa e 1,44% se conectam à internet. No Piauí, os percentuais são de 3,52% e 2,02%, respectivamente.
Já as áreas mais desenvolvidas registram as taxas mais elevadas. No Distrito Federal, 25,32% da população acessam computadores enquanto que 19,22% usam a internet. Em São Paulo e no Rio, 21,75% e 17,92%, respectivamente, usam computadores domésticos. Em relação ao uso da internet, as taxas são de 15,22% e 12,81%, respectivamente.