Quase nove meses depois de a Argentina ter desvalorizado a sua moeda e pouco mais de três anos e nove meses de o Brasil ter feito o mesmo, o peso argentino e o real ficaram hoje com o mesmo valor em relação ao dólar.
De acordo com dados oficiais do Banco Central argentino, a moeda norte-americana estava cotada nesta segunda-feira a 3,53 pesos para compra e 3,61 pesos para venda, sem variação em relação ao fechamento de sexta-feira. Com a alta de quase 4,41% por volta de meio-dia (horário de Brasília), o dólar comercial no Brasil estava em 3,555 reais, tanto para compra como para venda.
A diferença entre as duas moedas é que, no Brasil, o real abriu sob forte pressão por causa, entre outros fatores, das últimas pesquisas eleitorais que mostram o favoritismo do candidato do PT, Luiz Inácio lula da Silva. Na Argentina, apesar dos compromissos que precisam ser honrados este mês com o Fundo Monetário Internacional e com o Banco Mundial (Bird) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), aos quais precisa transferir US$ 339 milhões para evitar default, a moeda permanecia estável.
Existem também diferenças em relação aos recursos disponíveis para honrar compromissos. Enquanto o Brasil recebeu dinheiro fresco do Fundo para segurar a pressão sobre o real, a Argentina não recebeu um tostão sequer dos organismos multilaterais de financiamento. Pior, as reservas internacionais argentinas, que estão no patamar de US$ 9,47 bilhões, não podem ficar abaixo de US$ 9 bilhões, compromisso do governo nas negociações que a Argentina vem mantendo com o FMI.