Perspectiva incerta

O surgimento de seis novos focos de febre aftosa no Paraná, além do já existente na Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira, no Norte Pioneiro, no mínimo, restabelece os pontos nodais da avaliação abrangente do estágio dos cuidados prescritos pela prática mais rigorosa em relação à saúde animal.

Esse drama havia começado em 2005 no vizinho Mato Grosso do Sul, com a detecção de focos em áreas próximas à divisa com o Paraná, não demorando para que a presença de animais infectados fosse também atestada em fazendas paranaenses. Teve início, então, a bateria de providências tomadas pelo Ministério da Agricultura e Secretaria da Agricultura e Abastecimento, envolvendo a coleta de amostras para análises em laboratórios mantidos pelo governo federal, bem como a proibição do trânsito de animais oriundos do Mato Grosso do Sul.

O fato é que não se comprovou a veracidade da existência da febre aftosa nos referidos locais, embora em alguns a ordem de abater os animais suspeitos fosse executada. Mais tarde, o próprio Ministério da Agricultura concluiu pela precariedade dos dados exigidos para identificar a presença da doença.

A essa altura, todavia, o mercado internacional tomou a devida precaução de suspender a importação de carne ?in natura? e industrializada com origem nas regiões apontadas, dentre elas o Paraná, com enormes prejuízos aos pecuaristas.

Quando tudo parecia serenado, eis que surgem novas notícias sobre focos de febre aftosa em propriedades rurais localizadas nos municípios de Loanda, Maringá, Grandes Rios e Bela Vista do Paraíso, englobando um rebanho bovino de 4,5 mil cabeças. Segundo a determinação federal, esses animais devem ser abatidos.

A pendência quanto ao abate prossegue na Fazenda Cachoeira, onde o sacrifício de 1.795 cabeças depende do depósito prévio em juízo de R$ 1,285 milhão, de responsabilidade da União, ao que parece ainda não efetuado. A determinação foi subscrita pela juíza federal Vânia Hack de Almeida, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região.

O setor exportador de carnes no Paraná, desde outubro do ano passado, quanto teve início a novela da aftosa, arca com a perda de quase R$ 300 milhões, e com os novos focos ficará com sua expectativa de retomada do ritmo desejável de exportações ainda mais comprometido. É urgente que as autoridades responsáveis pela saúde animal na União e no Estado, além da iniciativa privada, se entendam quanto ao que é preciso fazer.

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