Há três anos, quando 28,2% da população brasileira ainda era atingida pela miséria, teve início o período de redução desse patamar, hoje na casa de 22,7%, ou exatos 41 milhões de pessoas. Entre 2003 e 2005, a queda acumulada foi de 19,18%, percentual comparado aos 18,5% registrados entre 1993 e 1995, o clímax do Plano Real. Ainda existe muita gente passando necessidade no país, mas a perspectiva de melhoria de vida começa a aparecer com alguma nitidez. A avaliação foi feita por Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), instituição ligada à Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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A melhoria da renda da população, com o lançamento do Plano Real, começou a ser efetivamente medida pelos investigadores sociais, embora, a partir de 1999, a pobreza tivesse voltado em função de crises externas com reflexos no Brasil. Em 2004, de acordo com Neri, revelou-se um dado até certo ponto surpreendente com a deterioração social do primeiro ano do atual governo e a queda da miséria e desigualdade social.

A redução da miséria ocorreu nas áreas urbanas entre 1995 e 2005 com maior intensidade, com queda acumulada de 35,8%, superando as regiões metropolitanas (26,8%) e rurais (27,2%), respectivamente. O Programa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) mostrou que a renda média domiciliar per capita cresceu em torno de 6,6%, ao passo que o PIB per capita teve crescimento de 0,83%. O pesquisador da FGV indaga com razão: estamos no Haiti ou mais próximos dos países emergentes como a Índia?

Em outubro de 2003 o governo adotou o Bolsa Família, seguindo a mesma linha dos programas sociais dos governos anteriores, mas conseguiu expandir tanto o número de beneficiários como o tamanho médio do benefício. O salário mínimo cresceu 75% em termos reais de 1995 a 2004 e 94% até 2006, fazendo com que o número de pessoas que vivem com menos de R$ 121 por mês continue em queda acentuada. Talvez isso ajude a compreender por que o presidente Lula tem a reeleição assegurada.

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