Os lideres do governo e da oposição ainda não chegaram a um acordo em torno da presidência e da relatoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará denúncias de compra de votos no governo atual e no anterior. A reunião para composição da mesa, iniciada na manhã de hoje, foi suspensa até às 15 horas para que os líderes governistas e da oposição tentem um acordo. "Nós vamos buscar o diálogo para ver se é possível o entendimento", afirmou o líder do governo, Aloizio Mercadante.
O petista, que quer a composição da diretoria da CPMI formada por PT e PMDB, ressaltou que a CPMI dos Correios "vem trabalhando a todo o vapor e apurando tudo, apesar das críticas da oposição". A CPMI que investiga denúncias de irregularidades nos Correios tem na sua presidência o senador Delcídio Amaral (PT-MS) e na relatoria o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).
Segundo Mercadante, o governo irá indicar um presidente que tenha condições de conduzir os trabalhos com isenção e responsabilidade e um relator, de preferência, que tenha uma boa formação jurídica. "Nós vamos agora investigar o decoro parlamentar, que poderá levar à casacão de mandados de deputados. Por isso, essa CPMI tem que ser feita com bastante rigor".
O senador José Jorge (PFL-PE) novamente indicou o deputado Raul Julgmann (PPS-PE) para ser o representante da oposição na direção da comissão. Para ele, o acordo não interessa apenas à oposição. "Ele interessa também ao governo. Na CPMI dos Correios, foi montada uma direção totalmente governista, ela é uma CPI ?chapa-branca? que tem funcionado pelo trabalho da mídia e da oposição", afirmou. "Com governo e oposição no comando, a comissão terá mais credibilidade", disse o senador.
O deputado Morroni Torgan (PFL-CE) também defendeu o acordo entre governo e oposição. "Essa CPMI, além de ser imparcial, ela precisa passar totalmente a imagem de imparcialidade. Ela começando com um lado só ocupando os principais postos, essa imagem ficará prejudicada". Torga disse ainda que a oposição tem sido maleável nas negociações. "Nós propomos que um dos cargos da mesa seja ocupado por um membro da oposição, mas qual deles, fica a cargo do governo".