Permanência de Silvio e Delúbio agita base petista

A manutenção nos cargos de direção do PT do tesoureirO Delúbio Soares e do
secretário-geral Silvio Pereira,já começa a provocar reação negativa nas bases
de apoio do partido. Depois de conversar com integrantes da base petista em
vários Estados, como Minas Gerais, São Paulo, Paraíba, Ceará e Amazonas, o
vice-presidente nacional do PT, Romênio Pereira, admite que a decisão de manter
Delúbio e Silvio está sendo mal recebida.

"Não é que seja uma
desconfiança dos militantes em torno da situação dos dois. Mas há,
inegavelmente, um desconforto. Pelo que percebo, havia a expectativa de que os
dois tivessem pedido um período de licença do partido para poderem dar suas
explicações", afirma Romênio.

Na avaliação do dirigente petista, a
decisão de pedido de afastamento do partido é de foro íntimo de Delúbio e Silvio
Pereira. Mas reconhece também que a manutenção de ambos em postos centrais do
comando do PT poderá provocar algum tipo de desgaste. "Eu não tenho dúvidas que
existe uma campanha organizada para tentar desestabilizar o PT com denúncias
infundadas e injustas. Considero injustos e irresponsáveis esses ataques contra
o PT. Mas nesse processo de investigação, que é longo dentro do Congresso, pode
haver desgaste", avalia.

Candidato a presidente do PT pela Democracia
Socialista (DS), principal corrente de esquerda da sigla, o deputado gaúcho Raul
Pont acredita que o afastamento temporário dos dirigentes – até a conclusão das
investigações – seria mais adequado tanto para o PT quanto para o
governo.

"Nossa avaliação é que tanto o Delúbio quanto o Silvio não são
culpados. Mas eles não quiseram adotar uma posição semelhante ao Dirceu (ao
ministro demissionário, José Dirceu)", afirma. "Se eles se licenciassem,
poderiam até se concentrar em suas defesas", acrescenta Pont.

Remuneração
– O senador Eduardo Suplicy (SP) também considera que o afastamento de Delúbio e
Silvio seria mais adequado. Na reunião do diretório nacional de ontem (18),
Suplicy foi um dos cinco petistas que defenderam explicitamente a licença dos
dirigentes do partido.

"Eu, inclusive, propus que a licença fosse
remunerada. Com o desligamento deles das funções do partido poderiam se dedicar,
em tempo integral, a esclarecer os fatos", observa. "Se um dia acontecesse
comigo, pediria licença em benefício do PT e da instituição que
represento."

Apesar de ter sugerido que Delúbio e Silvio se licenciassem
do partido durante as investigações, Suplicy afirma que concordou com o
presidente do PT, José Genoino, de que o futuro do tesoureiro e do
secretário-geral do partido não deveria ter sido decidido em votação pelos 81
representantes do diretório nacional da sigla. "A saída deveria ser com a
anuência deles", diz ele.

Na avaliação de Suplicy, Delúbio e Silvio
Pereira teriam feito "um gesto importante" se, a exemplo do ex-ministro José
Dirceu, tivessem tomado a iniciativa de deixar suas funções. "A decisão de pedir
licença não significaria aceitação de culpa de maneira alguma", comenta.

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