São Paulo voltou a respirar o clima da Chicago dos anos vintes do século passado, onde a máfia da jogatina, prostituição e tráfico de bebidas imperava com a força das metralhadoras, acoelhando até mesmo os organismos jurídicos e policiais. Numa atualização mais alarmante, há quem arrisque opinar que a Paulicéia está parecendo o Iraque.
Até ontem à tarde cerca de 50 atentados a instalações públicas ou privadas e ônibus incendiados foram registrados, além do acúmulo de sete vítimas fatais – agentes penitenciários, policiais e seguranças particulares – desde o recrudescimento dos ataques ordenados pelos chefes do PCC do interior dos presídios de segurança máxima (?), onde cumprem pena. Uma perigosa situação de anomia, na qual a população sente-se inteiramente desprotegida e, pior, sem ter a quem apelar.
A CPI do Tráfico de Armas conseguiu apurar informações inequívocas sobre a atuação do PCC na onda de violência desencadeada em maio, assim como soube que a mesma organização deu ordens para ?pôr no chão? as cadeias de Itirapina e Araraquara, no interior do Estado de São Paulo, tarefa cumprida ao pé da letra pelos presos de ambas as unidades.
É cada vez mais incompreensível a atuação do aparato de segurança pública de São Paulo, até pelo simples raciocínio que as informações apuradas pela CPI e outras de caráter mais grave, decerto, também são de seu conhecimento. Contudo, as autoridades policiais e o próprio governador fazem tábua rasa do estranho hábito de minimizar ou negar a existência da cadeia de comando dentro das muralhas das prisões estaduais.
Diz-se que o PCC ordenou a nova onda de ataques ao saber que trinta de seus principais líderes – entre eles o capo Marcola – serão transferidos para o presídio federal de Catanduvas, no oeste do Paraná, onde os presos são mantidos sob o mais rigoroso controle. A reação do PCC foi insolente, mas a chamada ordem pública não dá sinais de vida.