Vai circular menos dinheiro nas contas bancárias dos produtores rurais paranaenses este ano, e o reflexo será sentido no menor número de máquinas e implementos agrícolas negociados pelo setor, ademais de outros gastos pessoais e familiares.
O IBGE já aponta alguma tendência de diminuição da área plantada na próxima safra, devendo ocorrer também, segundo os setores de assistência técnica, menor cuidado tecnológico com as lavouras em função da alta dos custos de produção.
A estimativa final da safra 2004/2005 foi liberada pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, informando que o total colhido cairá para 22,9 milhões de toneladas contra a estimativa inicial de 28,2 milhões de toneladas.
A quebra anunciada é equivalente a 18,76% do volume estimado para o ano agrícola que se encerra. As principais colheitas do Estado (soja, milho e algodão) já atingiram praticamente a totalidade.
O levantamento final da safra de verão estabelece em R$ 2,33 bilhões o custo financeiro da frustração verificada nos principais produtos em função da estiagem, valor altíssimo a ser subtraído da renda bruta gerada pela agricultura paranaense. Haverá, mais uma vez, o que se pode chamar de tempo das vacas magras na experiência plena de incertezas do produtor rural.
Além do prejuízo financeiro, o produtor enfrenta nesse momento a crise da queda dos preços de mercado para os produtos em fase final de colheita. A alternativa é reter a produção no aguardo de reação favorável do mercado, afinal, perspectiva bastante imponderável dado o excesso de oferta mundial de commodities agrícolas.
É com base nesse conjunto de fatores adversos que o IBGE finalizou a projeção de 116,341 milhões de toneladas para a safra de 2005, 2,54% menor que aquela obtida no ano passado, de 119,369 milhões de toneladas.
Fatores climáticos em desequilíbrio, instabilidades políticas e econômicas ou excesso de oferta são os indícios mais representativos da renitente fluidez da atividade agrícola. Pela enésima vez eles estão de volta.