A safra deste verão, apesar da quebra já constatada nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ainda deverá ter volume físico bastante expressivo, embora não repita o desempenho econômico dos últimos anos, face à compressão dos preços de commodities agrícolas no mercado internacional.
O último levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), relativo à situação verificada no início do mês, estima uma safra de 123,4 milhões de toneladas de grãos, já descontados os 6,4% de perdas em relação ao levantamento efetuado em dezembro, quando a estimativa indicava 131,9 milhões de toneladas.
A instituição vinculada ao Ministério da Agricultura trabalha com os dados relativos aos cultivos de milho, soja, algodão, arroz e feijão da safra de verão e, em caráter preliminar, com milho e sorgo de segunda safra.
Mais uma vez, e essa tem sido vicissitude freqüente na vida dos agricultores brasileiros, a prolongada estiagem ocasionou pesados estragos na safra em curso, representando a lamentável diminuição de bilhões de reais na renda geral produzida pelo agronegócio em 2005.
A perspectiva real de perdas coloca os produtores rurais – mais uma vez – diante do crucial dilema da renegociação das dívidas contraídas para financiar a produção.
Soja e milho constituem os produtos com a maior estimativa da safra de verão nas principais regiões de plantio. Para se ter idéia da expansão da lavoura de soja, ela ocupa atualmente 47% dos 48,5 milhões de hectares dedicados à produção agrícola em todo o território nacional. A área total plantada na safra 2004/2005 teve um acréscimo de 7,4% em relação à safra anterior.
Conforme o levantamento da Conab, avaliados os prejuízos causados pela seca inclemente em centenas de municípios, a região Sul contabiliza perdas de 7,1% na produção de soja e 10% na primeira safra de milho.