Perda maior no varejo ocorrem por furto, desperdício e erros

O furto de produtos, desperdício de mercadorias e erros administrativos são os principais motivos das perdas anuais de R$ 2 bilhões do varejo brasileiro. O dado foi divulgado hoje (16) pelo Programa de Administração de Varejo (Provar) da USP, com base nos números de 2003. Segundo a pesquisa, o valor total das perdas encolheu comparado a 2002, acompanhando a queda do faturamento geral, mas ainda há um “desperdício incontrolável”, principalmente de produtos perecíveis dentro das lojas.

“Os produtos em supermercados são muito maltratados. Não há conscientização sobre isso”, argumentou a coordenadora de grupo do Provar, Cecília Leote. Segundo ela, as mercadorias muitas vezes são atiradas nas prateleiras e ficam fora das câmaras frigoríficas por dias. Além disso, ela explica que compras feitas em grande volume pelo departamento comercial das redes nem sempre encontram uma estrutura logística de entrega e movimentação interna adequadas.

As principais causas das perdas no varejo global, segundo a pesquisa, foram furtos praticados por clientes e quadrilhas (27%), furtos praticados por funcionários (25%), mercadorias impróprias para a venda (17%), erros administrativos (15%), produtos fornecidos com especificação abaixo da encomendada (7%) e outros (9%). Apesar do índice elevado de furtos, a especialista argumentou que no mercado americano a taxa é maior, sem, contudo, precisar a taxa. Os dados foram apresentados durante a ExpoAbras.

O diretor da Retail, Ronaldo Santos, cita que alguns dos produtos mais roubados por clientes e quadrilhas são lâminas de barbear, preservativos e cosméticos. Parte deste material vai parar no mercado informal. Também ocorre de o fornecedor entregar produto com menos peso ou de pior qualidade. Um dos truques de clientes, apresentado na palestra, é o do consumidor que empilha caixas de leite no carrinho, dá uma embalagem para passar na leitura óptica e esconde produtos como cosméticos, preservativos e até picanha, diz ele, na caixa que fica no fundo do carrinho.

Cecília também alerta para o golpe do “caminhão virtual” que dá entrada no sistema informatizado de compras, mas, na prática, é desviado e roubado. Santos informou que provavelmente as taxas de furto detectadas podem ser um pouco menores, já que, na maior parte das vezes, quando o dono de uma loja não encontra a razão da falta do produto tende a acreditar que foi roubada, por não ter um controle eficiente de fluxo de produtos e perdas. Segundo ele, a movimentação do estoque ainda não é suficientemente bem monitorada no varejo.

O estudo abrangeu os principais ramos do varejo, como supermercados, lojas de departamento, redes de farmácias e outros segmentos. O setor supermercadista representou 85% das perdas totais, o equivalente a R$ 1,7 bilhão, e registrou um ligeiro aumento da fatia de perdas de 2002 para 2003, de 1,98% para 2% sobre o faturamento setorial. Levando em conta o varejo total, houve um pequeno declínio desta taxa, que encolheu de 1 96% para 1,72%. Em 2002, ano de maior venda, as perdas no varejo total somaram R$ 3 bilhões.

A pequena melhora das taxas de perdas vieram principalmente do setor de lojas de departamento (a taxa anual caiu de 2,62% para 1,47%). “Houve um aumento de controle e no trabalho de prevenção de perdas”, comentou a coordenadora de grupo do Provar, Cecília Leote.

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