Pensionistas do Aerus temem suspensão de benefícios

Rio – "O clima entre os funcionários da Varig é de desespero. Estão todos esperando a quebra. Os pilotos estão procurando vaga em empresas lá fora, mas o mercado está muito fechado. É uma situação difícil. Desesperadora." O relato de Márcia Araujo Siqueira resume o estado de espírito entre os empregados da companhia, agravado pela liquidação de parte do fundo de pensão Aerus.

Viúva do piloto Elson Alves Ribeiro, que morreu há 8 anos, aos 36 anos de idade, vítima de um ataque cardíaco, Márcia recebe do Aerus R$ 5 mil mensais, em nome dos dois filhos adolescentes. "Esse dinheiro financia as despesas de meus filhos Deixar de recebê-lo será um baque. O mais velho vai completar 18 anos este ano, mas o plano garantia assistência até os 24 anos, inclusive para despesas com faculdade. O serviço social da Varig era realmente muito bom", diz Márcia.

Ela ainda não recebeu nenhum comunicado do Aerus informando sobre as conseqüências da liquidação do Plano Varig. A última notificação do fundo foi feita em janeiro, para informar que o benefício referente ao 13.º, tradicionalmente pago em duas parcelas, em junho e dezembro, seria pago integralmente em novembro em 2006. "Disseram também que este ano teríamos direito apenas ao reajuste previsto em lei. Geralmente, tínhamos um plus", disse. A liquidação do fundo foi uma surpresa para a pensionista. "O Aerus sempre foi uma figura muito sólida, ao contrário da Varig, que está quebrando há anos", comentou.

Até os aposentados que solicitaram à Secretaria de Previdência Complementar (SPC) a intervenção no fundo foram surpreendidos pela liquidação. O presidente da Associação dos Participantes e Beneficiários do Aerus (Aprus), Manoel Neves, explicou que o pedido foi encaminhado à SPC para "salvaguardar a poupança dos trabalhadores", diante dos rumores de que a administração da Varig pretendia utilizar o equivalente a US$ 200 milhões do Aerus.

Neves lembra que a Varig deve ao Aerus R$ 2,3 bilhões em contribuições não repassadas e que desde 1993 a companhia passou a atrasar ou a simplesmente não efetivar os repasses. "Tínhamos esperança de que agora que a Fundação Ruben Berta (FRB) finalmente reconheceu que não tem condições de administrar a Varig haveria uma solução", disse Neves, aposentado há 13 anos. "Ainda temos a expectativa de que a liquidação seja revertida.

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