Pelo menos 10 morrem em episódio de violência no Haiti

Num dos mais violentos choques envolvendo soldados das tropas da Organização das Nações Unidas (ONU) desde a chegada da força de paz no Haiti, em 2004, pelo menos dez pessoas morreram hoje num tiroteio que durou mais de cinco horas na favela de Cité Soleil, em Porto Príncipe. O choque se seguiu ao lançamento de uma operação conjunta da ONU e da polícia haitiana contra grupos de seqüestradores que utilizam os casebres da favela como cativeiro. De acordo com agências de notícias, o confronto deixou também pelo menos 30 feridos, atendidos em hospitais de campanha da organização Médicos sem Fronteiras.

Segundo Sophie Boutaud de la Combe, porta-voz da Missão Especial das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) – nome oficial das forças de paz -, não há baixas entre os soldados da ONU. A Minustah é formada por mais de 8.300 soldados e policiais, incluindo 1.200 brasileiros. Procuradas pela Agência Estado, fontes do Ministério das Relações Exteriores disseram que, até ontem à tarde, não havia informações sobre o envolvimento de militares brasileiros na operação.

Helicópteros da Minustah apoiaram a ação terrestre em Cité Soleil. Embora não tivesse fornecido dados mais precisos sobre os seqüestros, a polícia haitiana informou que a maior parte dos reféns tomados pelos seqüestradores é de crianças. De acordo com testemunhas, mais de 30 crianças foram seqüestradas nas últimas semanas no Haiti, o que forçou o governo a fechar várias escolas e suspender as aulas. "Este será um Natal triste para as crianças haitianas", declarou o presidente do Haiti, René Préval numa cerimônia de fim de ano no palácio do governo. "Eu vou dar a elas alguns brinquedos, mas o presente mais belo que posso prometer a elas é que os seqüestros vão acabar, elas poderão voltar às escolas e poderemos celebrar um Natal em condições muito melhores no ano que vem.

No início desta semana, grupos armados de Cité Soleil seqüestraram cerca de 60 pessoas que estavam em dois ônibus. Os reféns foram levados até a favela, onde a maioria deles foi libertada. A porta-voz da Minustah disse que nas últimas semanas seis reféns foram libertados e 24 seqüestradores tinham sido capturados nas ações conjuntas com a polícia haitiana. O governo haitiano anunciou no começo do mês sua intenção de negociar com os grupos armados que atuam na capital – que se dizem partidários do deposto presidente Jean-Bertrand Aristide, mas se dedicam à prática de crimes comuns. Na quinta-feira, o chefe civil da Minustah, o guatemalteco Edmond Mulet, havia anunciado a intensificação das operações militares contra a delinqüência.

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