Pela Educação do Paraná

Cerca de 300 professores aposentados ocuparam as galerias da Assembléia Legislativa, no último dia 23 de abril, reivindicando a extensão da gratificação por assiduidade de 100 reais, paga aos professores na ativa.

Estavam acompanhados do presidente da APP, José Lemos. No seu meio, entre os cabelos brancos e os rostos respeitáveis, distingui antigos companheiros da luta pela Educação: Ederle Araújo, Velocino Fernandes, Terezinha Pichetti. Gente que estava comigo a 30 de agosto de 1988, quando, em nome de meu mandato legislativo paranaense, fiz abrir os portões da Assembléia, para evitar a repressão aos mestres.

Na última quarta-feira, a reflexão no Plenário foi extremamente proveitosa. O professor José Lemos, presidente da APP, surpreendeu a opinião pública, ao ler, na tribuna da Assembléia Legislativa, relatório do então procurador, e atual conselheiro do Tribunal de Contas, Fernando Augusto Melo Guimarães, onde consta que o governo Jaime Lerner não teria aplicado os 25% do orçamento, no mínimo, exigidos para a Educação do nosso povo, preceito constitucional pétreo.

A maioria dos atuais deputados aprovaram as contas de 2000 e 2001 do governo anterior. A falta do investimento mínimo em Educação sendo verdadeira, torna esta aprovação, no mínimo, estranha,tanto para governistas, quanto para oposição.

O investimento em Educação, nunca é bastante. O futuro não pode ser medido pela avareza dos governantes, sobremaneira, com Educação das crianças e jovens, nesta alvorada de uma civilização de conhecimento.

E os professores não merecem ser desrespeitados com demagogia. Nem com palavra fácil, nem com elogio vazio.

O Paraná precisa de um urgente plano de cargos e salários. O projeto está engavetado na Assembléia. Urge o poder Executivo reenviá-lo ao Legislativo, prerrogativa só sua. Este plano deve restaurar o piso salarial de três salários mínimos para o Magistério.

Quando governei nossa capital, procurei mantê-lo, mesmo nos dois primeiros anos, quando ainda havia inflação, e herança de defasagem salarial da administração anterior.

O que os professores aposentados pedem ao governador Requião, é justo. Eles ganham, em média, 500 reais. Estão a oito anos, sem reajuste. Sua contribuição ao Paraná, merece justiça e retribuição. Seria uma boa forma de comemorar os nossos 150 anos.

Afinal, comemorar é conhecer. A propósito, li outro dia, que o ensino no Paraná, começou tarde. A primeira escola pública para meninos, em Curitiba, com mestres-régios, só funcionou em 1821.

As meninas, só foram admitidas 14 anos depois, em 1835. Em Paranaguá, meninos só tiveram escola pública, em 1826, e meninas, dez anos depois.

Em Guaratuba, 1829, Lapa, 1832, Castro, 1833, Morretes, 1837, São José, 1840, Palmeira, 1850. Vejam aí, nossa diferença dos EUA. Lá, a fundação das cidades se deu com as escolas, com as escolas dominicais, junto às igrejas dos “pilgrims fathers”.

Não estaria aí o enigma de desenvolvimento versus subdesenvolvimento? Até mesmo no preparo das elites? No convencimento dos governantes, da necessidade do investimento em Educação?

É preciso reacender os Faróis do Saber, mesmo sem construí-los.

Dentro de nós. Requião sabe disso. Não há de ficar de costas aos nossos professores.

Rafael Greca de Macedo é engenheiro-urbanista, deputado estadual, foi prefeito de Curitiba (1993-1996), e ministro de Estado (1999-2000)

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