A OHL causou grande surpresa no mercado e também na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), ao revelar suas projeções sobre o fluxo de veículos nas rodovias que estarão sob seu controle, nos próximos 25 anos. Os empresários espanhóis, ao montar a estratégia para disputar o leilão, contemplaram a possibilidade de sincronia entre os trechos operados e a redução da taxa de retorno para baratear o valor dos pedágios sugeridos pela licitação.
Um dos percursos ganhos pela OHL, a rodovia Fernão Dias (BR-381), que faz a ligação entre São Paulo e Belo Horizonte, uma das rodovias mais movimentadas do País, de acordo com os estudos realizados pelo grupo espanhol sobre a estimativa de tráfego, teve um aumento de 131% em relação aos números coligidos pela ANTT.
A surpresa dos concorrentes se originou da aparente impropriedade econômica cometida pela OHL, ao oferecer as menores tarifas no leilão com o descarte do risco de, em função disso, arcar com o comprometimento da arrecadação nas praças de pedágio. Portanto, diante das novas explicações fornecidas pela empresa vencedora dos cinco trechos leiloados pelo governo federal, mesmo ante a reserva de especialistas e técnicos da área pública, a ANTT concluiu que a responsabilidade é exclusiva da empresa.
Nos primeiros 12 meses de concessão da Fernão Dias, a ANTT projetou a passagem de 35,7 milhões de veículos equivalentes distribuídos pelas oito praças de pedágio que começam a operar em julho do próximo ano. Nos cálculos da OHL, o número previsto de veículos equivalentes, que são contados pelo total de pedágios recolhidos e a quantidade de eixos que aumentam os valores das tarifas, é de 65,7 milhões, ou 84% a mais que a projeção da agência reguladora.
Pela BR-116 (Régis Bittencourt), que liga São Paulo e Curitiba, a OHL assegura que deverão trafegar, em 2008, 62,1 milhões de veículos equivalentes. Nas BRs 116/376 e 101, na ligação com Santa Catarina, o fluxo de veículos atingirá 65,86 milhões e na BR-116 (PR-SC), mais 14,1 milhões.
Diante de números tão elevados, sobressai o extraordinário potencial econômico-financeiro do negócio do pedágio, determinado pela intensidade do tráfego nas regiões servidas pelas citadas rodovias. Contudo, licença para cobrar pela excelência dos serviços jamais deve servir para exploração dos usuários.