A partir de meados do próximo ano os usuários de sete trechos de rodovias federais, dentre eles o importantíssimo corredor que liga Florianópolis, Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte (a Via Dutra já é pedagiada), vão desembolsar mais alguns reais para ter o direito de trafegar com seus veículos de carga ou passeio por essas vias concedidas à iniciativa privada mediante leilão.
A grande vencedora foi a empresa espanhola OHL, que ofereceu as propostas mais baixas para os cinco trechos de seu interesse, com destaque para os percursos São Paulo-Belo Horizonte e São Paulo-Curitiba. A nota curiosa do leilão, que segundo os analistas deve ser interpretado como a retomada, por parte do governo Lula, do programa de privatizações iniciado por Fernando Henrique Cardoso, foi o deságio sobre os valores sugeridos pelos editais.
Os puristas da administração petista, embora o partido tenha influência cada vez menor nas principais decisões, torcem o nariz para o procedimento sempre condenado da forma mais ve-emente, preferindo rotular o programa de transferências como uma concessão, visando atenuar o acelerado abandono de uma práxis superada pelas contingências.
O dado confortador para os usuários das rodovias é que em alguns casos as tarifas de pedágio sofreram um deságio de até 65,43% sobre os valores sugeridos pelos editais lançados pelo governo federal. Por exemplo, no trecho São Paulo-Belo Horizonte, a cada 100 km o motorista vai pagar R$ 0,997, quando o valor máximo do leilão previa um valor de até R$ 2,685. O custo total do trecho de 562,1 km quando pedagiado será de R$ 7,976, ao passo que hoje se paga para viajar da capital paulista ao Rio, pela Via Dutra, R$ 30,60.
A pergunta que não quer calar e, mais, obriga os atuais concessionários de pedágio a fornecerem respostas conclusivas à sociedade, se refere à prática de custos demasiado altos em outros locais. Um exemplo é a tarifa exorbitante cobrada no trecho Curitiba-Paranaguá. Os técnicos lembram que o pedágio pode baratear quando é compensado pelo grande fluxo de veículos.
Não consta que fora da temporada de veraneio ou transporte de cereais para exportação nossa ligação com o litoral vire um deserto.