A produção pecuária superou as principais culturas agrícolas em 2005, conforme aponta o Valor Bruto da Produção calculado pela Secretaria Estadual da Agricultura. A cadeia produtiva da pecuária representou 40,73% do total produzido no campo pahojranaense, enquanto as principais culturas (grãos de verão e de inverno, algodão, outras culturas de verão e produção de sementes de grãos) totalizaram 40,01% do total da produção agropecuária. ?A pecuária não foi tão afetada pela estiagem como os grãos?, explica Gilka Andretta, chefe da Divisão de Estatísticas Básicas da Secretaria da Agricultura. A expectativa dela é que a situação tenha se mantido neste ano e o predomínio dos grãos retorne em 2007.

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O Valor Bruto da Produção agropecuária em 2005 no Paraná foi de R$ 26.016.437.092,13. O resultado é 11,11% menor que o de 2004, quando chegou a R$ 29.278.025.571,31. A queda é atribuída basicamente à estiagem que atingiu Paraná nos últimos três anos. A pecuária teve uma produção de R$ 10,596 bilhões, considerando-se toda a cadeia produtiva, incluindo sementes de forrageiras, silagens e adubos. Pescados também entram nessa categoria. A renda gerada pela avicultura aumentou 6,22%, enquanto a da bovinocultura caiu 7,8% em relação ao ano anterior.

A situação para os criadores de bovinos já melhorou neste ano, com a recuperação de preços a partir do segundo semestre. As cotações vêm subindo, com a arroba partindo de R$ 49,00 em julho e chegando a R$ 57,11 em outubro. ?Em janeiro e fevereiro de 2007 ainda deve haver excesso de oferta. Depois devem ser retomados os mercados bloqueados por causa da aftosa e tudo voltará na normal?, afirma Fábio Mezzadri, especialista da Seab em pecuária.

Mezzadri nega que a pecuária bovina paranaense tenha registrado prejuízos por causa da aftosa. ?Eles deixaram de ganhar, não é prejuízo. Perderam mercados na Rússia e na União Européia, mas conseguiram novos mercados como Hong Kong, Cingapura, Líbano e Peru?, afirma. ?Alguns frigoríficos reduziram os abates à metade logo após a crise da aftosa (outubro de 2005), mas eles não chegaram a comprar os bois que deixaram de abater. Não jogaram carne fora, não dá para dizer que tiveram prejuízo?, afirma.

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?Prejuízo, se houve, foi de um ou outro produtor, não do setor como um todo, nem de frigoríficos ou exportadores?, diz Mezzadri. Segundo o especialista da Seab, os pecuaristas que tiveram seus interesses atingidos pela aftosa já conseguiram redirecionar a produção, com mais vendas internas e a conquista de novos mercados no exterior. ?A pecuária bovina tem características específicas. O boi que não é vendido pode ser mantido no pasto. Mesmo que emagreça um pouco, engorda novamente depois?, explica Fábio Mezzadri.

Diversificação – Um fator positivo apontado pelo levantamento do VBP, segundo Gilka Andretta, é a diversificação da produção agropecuária. ?Esse perfil vem se alterando ao longo da última década. As próprias adversidades climáticas fazem com que os produtores saibam que devem diversificar a produção?, afirma. Para ser realmente proveitosa, a diversificação deve ser bem pensada. ?Quando se fala em diversidade, não significa apenas que um produtor deva ter muitas atividades. Diversificar é ter atividades que tenham interação. É necessário agregar valor, reduzindo custos de produção?, explica Gilka.

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Um bom exemplo das vantagens da diversificação está no Sudoeste do Paraná, onde produtores passaram a investir na produção de uva e vinhos. ?A estiagem acabou beneficiando esses produtores, pois com a seca a uva fica mais doce, o que favorece a produção de vinhos?, afirma Gilka. ?Os municípios do Núcleo Regional de Francisco Beltrão (Sudoeste) foram os mais prejudicados com a estiagem, principalmente nas culturas de milho e soja. Os que investiram na uva estão obtendo resultados muito satisfatórios?, afirma.

Segundo Gilka Andretta, em Francisco Beltrão os 150 hectares plantados com uva renderam R$ 1,72 milhão aos produtores. ?Cada hectare gerou R$ 11,5 mil, 17 vezes mais que o valor gerado pela soja numa mesma área?, afirma. Além da rentabilidade, a diversificação com o cultivo de frutas também aumenta o emprego no campo. ?Um hectare de soja emprega 0,02 homem, enquanto um hectare com frutas emprega de 4 a 5 homens?, compara Gilka.