Sua obra deu-lhe o apelido de “pornógrafo”, sua postura política deu-lhe o título de “reacionário”. Assim viveu e assim morreu Nelson Rodrigues. Um indignado, um bufão de olhos gigantes, um artista de olhar privilegiado. A peça “A Vida Como Ela É”, com direção de Edson Bueno, é um mergulho pelo mistério da coragem e ousadia do dramaturgo.
Até hoje, 29 anos após sua morte, sua obra enxerga o que nossos olhos ainda não vêem. Partidário de um teatro que chamava de “agressor”, nunca se intimidou diante das cobranças sociais e das perseguições políticas. Contrariando uma tendência de sua época, a do teatro político, desfilou em sua literatura uma galeria de adúlteros, canalhas, incestuosos, apaixonados, obsessivos e violentos personagens que, hoje, ninguém duvida serem retratos fiéis e ainda escondidos, de qualquer ser humano, minimamente humano.
Construiu sua obra tendo como protagonista o homem prisioneiro de paixões avassaladoras, consideradas vergonhosas pela sociedade. Uma obra/julgamento, como ele mesmo definiu. Mas um julgamento brutal que não absolve nunca, só condena.
A montagem também é um diálogo franco e expressivo com a vida real de Nelson Rodrigues, seu pensamento polêmico, os contos que ele chamou de “A Vida Como Ela É” e a originalidade de sua obra teatral.
Um espetáculo que faz da metalinguagem sua linguagem, para levar às platéias a modernidade do autor e a profundidade e beleza de seu teatro radical, intenso e puro.
Serviço:
A Vida como Ela É
TEUNI – Teatro Experimental da UFPR
Praça Santos Andrade, s/n Centro Curitiba
Dias 19, 23 e 25 às 20h
21 e 24, às 14h e 26 às 17h