Os deputados federais integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o tráfico de armas e munição no país querem apurar, hoje (20) e amanhã em Recife, se existem quadrilhas em Pernambuco especializadas nesse tipo de crime. Agora de manhã, eles participam de audiência pública na Assembléia Legislativa.

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Um levantamento preliminar feito pela comissão durante o referendo do desarmamento, a partir de informações da Secretaria estadual de Defesa Social e das polícias Militar e Civil indicou que das 600 mil armas registradas em Pernambuco, 280 mil estão sendo usadas de forma ilegal, provavelmente por criminosos.

A informação foi dada pelo sub-relator da CPI, deputado Raul Jungmann. Ele lembrou que antigamente ter uma arma em casa era tão importante para o cidadão como possuir um eletrodoméstico, já que "havia uma concepção errada sobre proteção da família". Destacou que agora está havendo uma mudança cultural no Brasil no que diz respeito ao porte e uso de armas.

Jungmann explicou a razão pela qual Pernambuco está sendo o primeiro estado do Nordeste a ser investigado pela CPI. "Isso porque no ano passado, durante a Operação Gatinho, foram identificados cinco caminhões com baús ou fundos falsos que estavam transportando do Rio Grande do Sul 1 milhão de cartuchos e 2 milhões de espoletas para o município de Timbaúba", na zona da mata, a pedido de um indivíduo chamado Antônio Farias, conhecido como Toninho das Armas, observou.

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O deputado disse que a partir daí, a Polícia Federal realizou diligências e a CPI chegou à conclusão de que precisava investigar as conexões existentes entre o tráfico de armas, drogas e o crime organizado.

Segundo o parlamentar, uma das preocupações da CPI diz respeito ao funcionamento de empresas clandestinas de segurança que são geridas por policiais pernambucanos ou ex-policiais e que acabam fortalecendo com arsenais o crime organizado.

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Amanhã (21), o grupo fará, na sede da Polícia Federal, interrogatórios reservados com prisioneiros e informantes, além de diligências sigilosas.

O material colhido vai ser transformado em propostas a serem encaminhadas à Polícia, à Justiça e ao Ministério Público, para tomada de providências e indiciamento dos culpados. O prazo para conclusão dos trabalhos vai até 7 de julho, podendo ser prorrogado por mais 10 dias. No final, será apresentado relatório com um retrato do tráfico de armas no país, em fronteiras, aeroportos, portos, rodovias e clubes de tiros.