PCC movimentou R$ 36,6 milhões em 11 meses

Um levantamento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do governo federal mostra que, entre novembro de 2005 e setembro de 2006, o Primeiro Comando da Capital (PCC) movimentou pelo menos R$ 36,6 milhões no sistema financeiro. O valor inclui saques, depósitos e transferências e refere-se ao rastreamento das contas de 260 pessoas ligadas à organização criminosa. As contas em nome de outras 559 pessoas estão sob investigação. A expectativa é de que mais operações bancárias sejam identificadas.

O cruzamento de dados identificou 1.485 pessoas ligadas direta ou indiretamente à facção. Segundo o presidente do Coaf, Antônio Gustavo Rodrigues, até o momento o órgão encaminhou nove relatórios às autoridades paulistas, incluindo a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual (MPE).

Os valores apurados pelo Coaf são cumulativos: ou seja, se uma pessoa movimentou R$ 100 mil, repassados para outras duas, que fizeram outras negociações, o montante é contabilizado duas ou mais vezes. Mas dão uma dimensão do poderio da facção. Com os R$ 36,6 milhões, por exemplo, seria possível construir cinco penitenciárias de grande porte, para 700 presos. E o volume de dinheiro movimentado pelo PCC pode ser muito maior, porque a facção usa também dinheiro vivo e caixa 2, ao passo que o rastreamento do Coaf se limitou a operações bancárias.

O diretor do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) de São Paulo, Godofredo Bittencourt Filho, disse que o levantamento é o resultado da cooperação entre o Estado e o governo federal. "O Deic não teria condições de fazer esse trabalho sozinho. Isso nos permite saber de onde saiu o dinheiro, para onde foi e chegar ao bolso dos integrantes do PCC." O objetivo das autoridades é tentar asfixiar a facção, identificando e cortando as fontes de financiamento.

A identificação dos nomes e movimentações foi feita a partir do cruzamento dos dados de CD apreendido pela polícia de São Paulo com 412 contas utilizadas pela facção. A Secretaria de Segurança Pública também remeteu ao Coaf um relatório com 110 nomes de integrantes da organização.

Ao cruzar dados, o Coaf conseguiu identificar novas conexões do comando, chegando a um total de 1.485 pessoas. O conselho construiu a relação de nomes a partir, por exemplo, da consulta aos arquivos de relações societárias, comunicações de saques e depósitos em espécie e transações imobiliárias.

As buscas revelaram que a movimentação financeira se concentra nas contas de pessoas ligadas à cúpula do comando na capital paulista e em cidades do interior onde existem grandes penitenciárias. O rastreamento mostrou, ainda, que as contas recebem transferências de outros Estados: Bahia, Maranhão, Rio, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Rondônia, Pará e Minas. Mas elas são pouco expressivas. "Aparentemente, o PCC tentava instalar filiais em outros Estados, mas, pelo que mostram os dados, ainda é uma organização concentrada em São Paulo", disse Rodrigues.

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