No terceiro dia da greve de fome, detentos do Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes, interior de São Paulo, ameaçam expandir o movimento para outro presídio e fazer novos ataques se o governo não atender suas reivindicações. Os detentos afirmaram que vão manter a greve por 30 dias em Bernardes e depois por mais 30 dias na Penitenciária-2, de Presidente Venceslau. Se durante esse prazo o governo não atender as reivindicações, eles prometem começar a matar agentes penitenciários.
O recado foi passado ontem aos agentes por meio de gritos dados pelos detentos de dentro das celas. ?Eles disseram que vão ficar sem comer por 30 dias; se não forem atendidos, quem ficará em greve serão os presos de Venceslau; se não der resultado, daí vão atacar os agentes na rua?, contou um agente penitenciário.
Apesar da ameaça, os detentos não fizeram abertamente nenhuma reivindicação, mas, em carta escrita na terça-feira, o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Herbas Willians Camacho, o Marcola, disse que iniciara a greve em protesto contra a reforma nas instalações. O CRP ganhou diversos reforços de segurança, entre eles placas perfuradas de aço nas janelas e entradas de ar e pintura nova. A reforma foi necessária após os motins de junho e julho.
Ontem, por determinação do juiz-corregedor dos Presídios da Comarca da Capital, Carlos Fonseca Monnerat, uma equipe de médicos da própria unidade examinou os grevistas. Segundo autoridades do sistema prisional, nenhum preso teve alteração em seu quadro de saúde. Os presidiários se recusaram a ir à enfermaria e foram atendidos nas celas.
Em nota divulgada ontem, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) reiterou que não vai se manifestar sobre a suposta greve de fome dos presos. Em entrevista coletiva concedida ontem em Ribeirão Preto, no Interior, o governador Cláudio Lembo afirmou não estar preocupado com a greve, embora isso gere repercussão.