O islamismo, apesar dos constantes esforços em prol da paz e do entendimento entre povos de crença religiosa diferente, chama a atenção do resto do planeta pela atuação beligerante de alguns líderes espirituais, milícias xiitas ou mesmo de países constituídos dotados de governos organizados e, pelas normas do direito internacional, reconhecidos em seu direito à soberania.
É o que estamos vendo, mais uma vez, nas áreas de fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão, territórios caracterizados pela presença de inúmeras tribos islâmicas e, por extensão, palco da evolução dos irascíveis milicianos do Talibã e da temível Al-Qaeda, chefiada pelo não menos ameaçador Osama bin Laden.
Desta vez, a região freqüentou o noticiário face ao ataque desfechado por tropas paquistanesas contra uma madrassa (escola destinada ao ensino do islamismo), numa pequena cidade do noroeste do país, onde estariam concentrados focos de rebeldia xiita, resultando na morte de pessoas inocentes. A situação é inconcebível, porque nem mesmo os recintos dedicados à fé propriamente dita têm permanecido imunes à fúria de homens marcados pelo ódio.
A retaliação é esperada para qualquer momento, tendo em vista que fontes xiitas juraram vingar-se do ataque ordenado pelo general Musharraf, presidente do Paquistão, acusado de protagonizar uma política de subordinação às orientações emanadas de Washington. Na verdade, o governo norte-americano está em confronto direto com forças atuantes em vários outros pontos da geografia dominada pela crença maometana.
O ogro do mundo, o imperialismo pessoalizado no contexto atual pelo governo Bush, na ótica dos radicais islâmicos, atrai a indignação muitas vezes travestida em violência tanto de facções quanto dos governos dos países que compõem a religiosidade do islã e, em particular, dos países árabes instigados pelo interminável conflito com Israel.
Autoridades do Comando Central dos Estados Unidos entraram em alerta diante de recentes informes secretos oriundos de Bagdá, dando conta de provável situação de caos no país, alimentada pela rivalidade entre xiitas e sunitas, a ineficácia da força policial iraquiana e até o desgaste da autoridade espiritual dos líderes religiosos. É rastilho de pólvora aceso na direção de pavoroso arsenal.