Paulo Maluf e filho perdem outra vez e continuam preso

São Paulo (AE) – O ex-prefeito Paulo Maluf (PP), de 74 anos, perdeu hoje mais uma etapa na Justiça – a juíza federal Sílvia Maria Rocha decidiu mantê-lo preso, sob acusação formal de crime contra o sistema financeiro (evasão fiscal), corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A decisão estende-se ao filho mais velho de Maluf, Flávio Maluf, que também está detido na Custódia da Polícia Federal (PF), há 20 dias.

Sílvia considerou que ainda prevalecem os argumentos adotados quando da decretação da prisão dos Maluf – preservação da "higidez da instrução processual" e "magnitude da lesão causada". O ex-prefeito e o filho foram interrogados, os acusadores também – o doleiro Vivaldo Alves, o "Birigüi", e o ex-diretor-financeiro da empreiteira Mendes Júnior Simeão Damasceno -, mas as testemunhas ainda serão chamadas.

"Verifico dos autos que por ora permanecem inalterados os motivos ensejadores da prisão dos réus", despachou a juíza, que é titular da 2.ª Vara Criminal Federal, ao rejeitar pedido de revogação da custódia dos Maluf.

Ela mandou prender Paulo Maluf e o filho no dia 9, acolhendo representação da PF e da Procuradoria da República, que identificaram a conta Chanani, no Safra National Bank de Nova York – US$ 161 milhões, supostamente, desviados do Tesouro de São Paulo, durante a gestão Maluf (1993-1996). Interceptação telefônica da PF pegou Paulo e Flávio Maluf agindo para ocultar provas, segundo a Procuradoria. O ex-prefeito foi monitorado durante três meses, de junho a agosto. "O bandido é o doleiro, ele é o dono da conta e réu confesso", sustenta Maluf.

A defesa argumentou que "Birigüi", que admitiu ter sido operador da Chanani, havia prestado depoimento judicial e, portanto, não poderia mais receber qualquer tipo de intimidação. A defesa alegou que "Birigüi" não é testemunha, mas réu – ele foi denunciado, criminalmente, pelos procuradores federais Pedro Barbosa Pereira Neto e Rodrigo de Grandis por lavagem de dinheiro e quadrilha. Os advogados anotaram ainda que o doleiro contou que Flávio Maluf apenas lhe pediu que só falasse em juízo.

Os advogados dos Maluf planejam agora ir ao Supremo Tribunal Federal (STF). Já tentaram reconquistar a liberdade do ex-prefeito e do filho dele por meio de habeas-corpus ao Tribunal Regional Federal (TRF) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas esbarraram em decisões que confirmaram o decreto de Sílvia. A defesa também deverá pedir a transferência do ex-prefeito para o Hospital Sírio-Libanês, sob alegação de que ele está com a saúde debilitada.

Hoje à tarde, enquanto aguardavam a decisão judicial, Paulo e Flávio Maluf receberam duas visitas – Jaqueline Lafayette Coutinho Maluf, mulher de Flávio, e o deputado estadual Antonio Salim Curiati (PP-SP). "Ele (Paulo Maluf) está muito abatido", afirmou Jaqueline. "Ele está sendo torturado, não sei por quem, não é pela PF, mas está", disse Curiati. Segundo o deputado, o ex-prefeito queixou-se de dores abdominais e que a saída dele do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) – onde ficou 24 horas – foi precipitada.

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