São Paulo (AE) – O ex-prefeito Paulo Maluf (PP), réu por corrupção passiva, crime contra o sistema financeiro (evasão de divisas), lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, será interrogado, judicialmente, dia 21.
A data do interrogatório foi determinada pela juíza Sílvia Maria Rocha, titular da 2.ª Vara Criminal Federal em São Paulo, que decretou a prisão do ex-prefeito e também a do filho mais velho dele, Flávio Maluf. Diretor-presidente da Eucatex, Flávio Maluf foi preso com o pai e também deporá no mesmo dia.
O interrogatório é a oportunidade que Maluf tem para dar a versão sobre as acusações que lhe foram imputadas pelo doleiro Vivaldo Alves, mais conhecido como "Birigüi". O doleiro prestou três depoimentos à Polícia Federal (PF) e um ao Ministério Público (MP) de São Paulo. Acusou os Maluf de terem tentado convencê-lo a ficar calado perante a PF e os promotores. Com base na denúncia de "Birigüi" e na interceptação telefônica, a PF e a Procuradoria da República pediram a prisão do ex-prefeito e do filho e outras medidas. A juíza acolheu todos os pedidos da acusação, após ler a transcrição dos diálogos entre Maluf e Flávio Maluf e advogados.
Sílvia também mandou apurar vazamento de informações acerca do inquérito da PF, que está sob sigilo.
Comunicação – A Procuradoria requereu instauração de inquérito contra dois advogados por suposta falsa comunicação de crime. Em julho, os advogados entregaram petição à juíza acusando "Birigüi" de tentar extorquir US$ 5 milhões dos Maluf. Em troca desse dinheiro, "Birigüi" teria se comprometido a não revelar os detalhes da conta Chanani, que ele confessou ter operado no Safra National Bank de Nova York.
"Birigüi" negou a tentativa de extorsão e decidiu colaborar com as investigações da PF e da Procuradoria. Ele foi denunciado, formalmente, com os Maluf, no mesmo processo da 2.ª Vara Federal, mas o procurador Pedro Barbosa Pereira Neto pediu a concessão do benefício da delação premiada para o doleiro.
Os advogados do ex-prefeito e de Flávio apresentarão amanhã (13) habeas-corpus perante o Tribunal Regional Federal (TRF) para tentar revogar o decreto de prisão. Eles alegam que os Maluf não praticaram crime. Maluf diz que caiu em uma "armadilha". Referindo-se ao doleiro, ele protestou: "O réu confesso está solto e eu na prisão."
Ontem (11) e hoje, duas pessoas, uma de Fortaleza e outra de São Paulo, entraram com habeas-corpus em favor de Maluf – ambos os pedidos foram rejeitados liminarmente pelo Tribunal Regional Federal em São Paulo.