São Paulo (AE) – O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, reiterou hoje a posição da entidade de exigir a demissão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. "Eu prefiro negociar o mínimo e a correção da tabela do IR com outro ministro da Fazenda. Se, por acaso, Palocci continuar por lá, direi isso para ele mesmo, na frente dele", afirmou
Segundo Paulinho, caso Palocci não deixe o governo até o dia 30, data em que todas as centrais sindicais farão uma marcha em Brasília, para reivindicar o reajuste do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), a Força passará a promover manifestações públicas para cobrar a saída dele.
"Depois do dia 30, vamos fazer um festival (de atos). Não daremos paz a Palocci." A sugestão da entidade é de substituição dele por um representante do setor produtivo, preferencialmente, ligado à indústria.
Mas o presidente da Força Sindical não fala em nomes. "Apesar de toda a desmoralização política do governo Lula, entendemos que há espaço para reduções seguidas dos juros e aceleração do crescimento econômico no último ano de governo", afirmou.
Para tanto, Paulinho considera como precondição, além da saída do ministro da Fazenda, a demissão também do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. "Eles estão juntos, atrelados. Se um cair, o outro deve sair. Isso abriria, sem dúvida, espaço para cortes acentuados para os juros", opinou. Na visão do presidente da Força, a presença desse novo perfil no ministério não provocaria nenhuma crise de credibilidade do País junto à comunidade financeira.
"Se promovêssemos um corte dos juros a ponto de a taxa real atingir 8% ao ano, ficando abaixo dos atuais 13%, alguma coisa aconteceria? Haveria uma fuga desenfreada de capitais? Duvido", argumentou.
Embora centre as críticas à condução da política econômica do governo – com queixas ao superávit primário de 4 25% do Produto Interno Bruto (PIB) -, à meta de inflação de 4,5% aos baixos investimentos em infra-estrutura e aos elevados depósitos bancários compulsórios estabelecidos pelo BC -, Paulinho utiliza-se da crise política para reforçar o discurso contra Palocci.
"São tantas as denúncias de corrupção envolvendo o ministro Palocci, em Ribeirão Preto (interior de São Paulo) e durante a campanha presidencial de 2002, que não vemos a menor chance de ele continuar no cargo. Palocci simboliza a corrupção e, portanto, deve sair do governo", insistiu.