Patrocinadores da França, vítimas colaterais dos problemas da seleção

Foto por: Patrick Hertzog

A má fase, com a eliminação a um passo e a sucessão de escândalos, preocupam muito os patrocinadores oficiais da seleção francesa de futebol, que temem ter a imagem arranhada por um Mundial até o momento catastrófico para o país.

Desde a derrota contra o México na quinta-feira, tudo vai de mal a pior: escândalo de insultos ao técnico, expulsão de Nicolas Anelka por esse assunto, greve do time no domingo em protesto…

Nesta segunda-feira, o banco Crédit Agricole suspendeu sua campanha com a imagem dos “Bleus”, após a tempestade.

Os demais patrocinadores, como a companhia de telefonia SFR, a rede de supermercados Carrefour e o grupo energético GDF-Suez, também seguem de perto a “novela” e veem com temor uma possível eliminação na terça-feira ainda na primeira fase.

Algumas empresas, conscientes de que os problemas de imagem dos “Bleus” podem persistir, decidiram por precaução limitar o uso de seus direitos, para evitar que sejam muito atingidos em caso de novas “tsunamis”.

“Os patrocinadores compraram o direito de explorar a imagem da equipe da França, mas poucos utilizaram esses direitos”, disse Frédéric Bolotny, economista especializado em esporte.

Um exemplo claro é o da SFR, que em plena Copa do Mundo optou por usar em sua nova campanha a imagem de outro atleta, o jogador de basquete Tony Parker, dos San Antonio Spurs, da liga americana (NBA).

“É como se você tivesse um carro muito bonito, que custou muito caro, e o deixasse garagem porque utilizá-lo seria provocador”, explica Bolotny.

Após o “caso Anelka”, algumas empresas, temendo ter sua imagem danificada, decidiram distanciar-se abertamente.

A rede de fast-food Quick anunciou no domigno a retirada de seus cartazes publicitários nos quais aparecia Anelka com um de seus hambúrgueres.

Um dia depois, a marca de batatas fritas Pringles, propriedade da gigante americana Procter and Gamble, seguiu seus passos com os produtos comercializados com a imagem do jogador.

No mesmo dia, Crédit Agricole decidiu deixar de emitir sua propaganda televisiva, dado o “contexto” atual.

O grupo bancário informou que não pensou em romper seu contrato com a Federação Francesa (FFF), com quem renovou para os próximos quatro anos.

A GDF-Suez, que mostrou-se incomodada com o escândalo deste fim de semana, afirmou à imprensa que não descarta denunciar o caso por certas cláusulas de seu contrato com a FFF.

Já o Carrefour afirmou que não tem a intenção de “modificar o dispositivo comercial” iniciado devido à Copa (distribuição de ímãs com o rosto dos jogadores, ofertas promocionais…);

“O Carrefour sempre apoiou a seleção francesa, nos momentos bons e nos difíceis”, disse a empresa.

A marca esportiva Adidas, patrocinadora oficial da França e de outros onze times na competição, continuará com sua campanha no país europeu, com Yoann Gourcuff como principal estrela.

Seu presidente, Herbert Hainer, reconheceu nesta segunda-feira que “do ponto de vista do futebol, não é muito positivo o que se passa com a seleção francesa”, mas não deu importância às previsões de que as camisetas do time ficarão “encalhadas” nas prateleiras devido aos problemas e à uma possível eliminação prematura (entre 200 e 300 mil camisas, segundo as estimativas).

O contrato com a FFF termina no fim do ano, e por isso a Adidas “havia limitado (a produção) e ajustado os estoques”, explicou.

A americana Nike será sua sucessora e deverá se preocupar com o futuro da seleção francesa: a FFF conseguiu um grande contrato de 42 milhões de euros por temporada, durante oito anos.

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