O clima pascal é sempre propício ao entendimento entre próceres que cultivam entre si grossas desavenças, na maioria das vezes verbalizadas com a impudica linguagem dos ditos impublicáveis.
A prova está na retribuição feita pelo senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), ao gesto de apreço feito pelo presidente Lula, ao visitá-lo no Instituto do Coração, em São Paulo, no recente internamento para tratar uma pneumonia, há cerca de trinta dias.
ACM e Lula tiveram uma conversa longa e amigável – registrou a crônica política – e o primeiro resultado foi a disposição do senador oposicionista de atuar como bombeiro entre o presidente e os partidos que não vêem o governo com simpatia.
Nada a estranhar, se não soubéssemos que há pouco tempo ACM era assíduo em ocupar a tribuna do Senado para desferir acusações contra Lula, invectivado então de ?corrupto número um do País?, ademais das alusões diretas ao hábito constrangedor ventilado por jornalista estrangeiro, pela inconfidência, quase metido à força num vôo de volta à sua terra.
Ferido por acachapante derrota na Bahia, sua histórica cubata, onde não conseguiu eleger o governador nem o senador, ACM está disposto a maneirar a basófia de coronel e alçar a bandeira branca, até para melhor se entender com figadais adversários como o governador Jaques Wagner e o ministro Geddel Vieira Lima.
Talvez seja essa a apregoada política com P maiúsculo…