Em resposta a uma questão de ordem feita pelo vice-líder do PPS na Câmara, deputado Raul Jungmann (PE), o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que a Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) para investigar as irregularidades na compra de ambulâncias, conhecida como CPMI dos Sanguessugas, não pode ser instalada. Segundo Renan, as assinaturas estão precedidas da expressão "lista de apoiamento", o que contraria o regimento do Senado, que proíbe apoio, dando à lista o caráter de autoria.
A questão de ordem baseava-se em determinação expressa na Constituição de que havendo assinaturas, fato determinado para a investigação e apontados os recursos necessários, uma CPMI deveria ser instalada imediatamente. Renan apontou a possível iregularidade nas assinaturas como obstáculo, mas deu cinco dias para que o requerimento seja refeito. "Agi sempre com as lideranças partidárias em todas as CPIs, como a de Compra de Votos e dos Correios", disse Renan lembrando que a decisão foi tomada em conjunto com as lideranças partidárias.
A decisão, no entanto, provocou reação imediata do vice-líder do PV na Câmara, deputado Fernando Gabeira (RJ). "Ao usar um artifício desses para evitar uma CPI, vossa excelência está passando o trator por cima da minoria, e pode esperar muitos coquetéis molotov, que é a forma da minoria se defender", advertiu prometendo uma guerra. Gabeira foi um dos primeiros propositores da CPMI, e acusou Renan de estar tentando proteger o PMDB, que tem muitos nomes entre os possíveis envolvidos, da investigação.