Em duas frentes, o PSDB contra-atacou nesta quinta-feira a fala do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. O líder do partido na Câmara, Alberto Goldman (SP), disse que Palocci "mentiu" ao negar que tenha assinado em sua segunda gestão na Prefeitura de Ribeirão Preto contrato com a Leão Leão. "Palocci mentiu. A Prefeitura assinou pelo menos 19 contratos com a Leão Leão, no valor de R$ 53,8 milhões", acusou Goldman.
Na segunda frente, o PSDB mandou ao gabinete do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) o vereador Nicanor Lopes, de Ribeirão Preto, que move na Justiça 14 ações contra Palocci e três contra seu ex-vice Gilberto Maggioni. "Numa única ação que envolveu a contratação da empresa CVP e a subcontratação das empresas Munhoz e Gianetti, para a construção de uma ponte do projeto Vale do Rio e galpões pré-fabricados, o prejuízo foi de R$ 10,1 milhões", atacou o vereador Lopes. Os serviços foram contratados pela Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto (Coderp), na época dirigida por Juscelino Dourado, ex-chefe de gabinete de Palocci na Fazenda.
O vereador contou ainda que o contrato foi assinado no primeiro trimestre de 2002 e, em 2003, toda a obra foi cancelada por Magionni, que sucedeu Palocci quando este foi servir ao governo federal. Apesar de gastos de mais de R$ 10 milhões, nenhum metro de ponte foi construído nem os galpões de concreto, conhecidos por BACs (Base de Apoio Comunitário). "Tudo desapareceu", disse o vereador. Ele entregou ainda a Álvaro Dias uma fita com o depoimento do ex-superintendente da Coderp Augusto Pereira Filho. Nesta, Augusto diz que recebia ‘mensalinho’ de R$ 2,25 mil da CVP, a empreiteira da obra nunca feita, e assim complementava seu salário, que era de R$ 2,75 mil.
De acordo com as denúncias do PSDB, estes contratos e os da Leão Leão estão sob investigação da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo sob suspeita de serem a fonte do ‘mensalinho’ de R$ 50 mil arrecadados pela prefeitura para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Ainda conforme o PSDB, dos 19 contratos assinados pelo prefeito que tinham a Leão Leão como beneficiária, nove tiveram a licitação dispensada, num total de R$ 4,12 milhões.
Palocci disse na CAE que todos os contratos com a Leão Leão tinham sido assinados por seu antecessor (o tucano Luiz Roberto Jábali, que já morreu). Segundo o PSDB, na sua segunda gestão, Palocci herdou da gestão de Jábali um contrato de coleta de lixo firmado em 14 de outubro de 1999 com a Leão Leão no valor de R$ 31.442.080,00 com validade de cinco anos – ou seja, até outubro de 2004.
Acontece, acusou o PSDB, que os gastos com os serviços foram aumentando fortemente mês a mês sob Palocci, o que exauriu em rápido tempo o valor inicialmente previsto no contrato. Assim já em 2001, mais de dois anos e meio antes do término do contrato de cinco anos legado pela administração anterior, Palocci realizou outra licitação, no valor de R$ 41.650.052,20. O contrato foi assinado em 15 de fevereiro de 2002, com validade de cinco anos.
Antes, acusou ainda o PSDB, já em quatro ocasiões ao longo de 2001, Palocci firmara quatro contratos de R$ 769,5 mil cada "em caráter emergencial" e prazo de vigência de 90 dias para operação do aterro sanitário da cidade. Dois deles foram julgados irregulares pelo Tribunal de Contas de São Paulo em decisões de março e setembro de 2004. As denúncias foram enviadas à assessoria do ministro da Fazenda, a pedido desta, por meio eletrônico. Mas não foram respondidas.
