Dezenas de milhares de partidários do Fatah – partido do presidente da Autoridad
Nacional Palestina (ANP), Mahmud Abbas – congregaram-se neste domingo (07) no principal estádio da Faixa de Gaza em uma demonstração de força de seu movimento no reduto do governista movimento islâmico Hamas.
O líder do Fatah em Gaza, Mohamed Dahlan, foi saudado como um herói pela multidão. Quando começou a falar, Dahlan afastou os guardas que o protegiam. "Deixem o Hamas atirar em mim", declarou, enquanto seus partidários aplaudiam e homens do Fatah disparavam para o ar. "Se um homem do Fatah for atacado responderemos. Seus líderes estão errados se pensam que estão longe do alcance de nossas mãos.
Um deputado do Hamas, Mushir al-Masri, acusou Dahlan de incitar a violência. "Este é um chamado para o combate interno e a sedição", disse.
"Não queremos uma guerra civil. Mas digo que nosso sangue não é um alvo para ninguém", disse o assessor de Abbas, Tayeb Abdel-Rahim, falando em nome do presidente, um moderado.
Esta foi a maior manifestação em Gaza desde 1994, quando Yasser Arafat voltou do exílio como parte de um acordo com Israel. A manifestação no estádio foi realizada com a desculpa do 42º aniversário da fundação do Fatah por Arafat, mas o objetivo era enviar uma clara mensagem ao Hamas.
No sábado, Abbas anunciou que a milícia do Hamas, conhecida como força executiva, será declarada ilegal se não se integrar às forças de segurança oficiais. No entanto, desafiador, o grupo islâmico anunciou que irá dobrar para 12 mil homens o número de sua milícia em Gaza.
Homens armados da Fatah divulgaram hoje um vídeo de um funcionário do Hamas, seqüestrado no sábado, e ameaçaram ampliar seus ataques contra o grupo islâmico se ele se negar a desmantelar sua milícia em Gaza.
O Hamas derrotou o Fatah nas eleições parlamentares de 25 de janeiro de 2006 e controla o gabinete da Autoridade Nacional Palestina. As duas facções vêm travando uma disputa por poder que alguns palestinos acreditam que poderá levar a uma guerra civil. Negociações para a formação de um governo de união fracassaram, levando Abbas a anunciar no mês passado a convocação de eleições antecipadas para resolver o impasse. O anúncio de Abbas desatou a atual onda de violência entre o Hamas e o Fatah, que já deixou pelo menos 30 mortos.
Abbas aumentou hoje a pressão sobre o Hamas ao declarar durante uma reunião a portas fechadas em Belém que está determinado a realizar as eleições antecipadas, apesar da oposição do grupo islâmico. "Este projeto não é uma tática. Todas as vias estão fechadas para formar um governo de unidade nacional e não nos resta outra opção a não ser as eleições", disse, antes de pedir aos membros do Fatah que se preparem para o pleito, cuja data ainda não foi definida.
Ainda hoje, o Exército israelense prendeu em Nablus, norte da Cisjordânia, quatro palestinos acusados de planejar um atentado suicida em Israel. Segundo fontes, o Exército descobriu dois cinturões com explosivos nos apartamentos de Yusef Sahli, de 21 anos, e Darwish Shafi, de 24 anos. De acordo com fontes da segurança palestina, os quatro detidos são membros da Brigada Mártires de Al-Aqsa, uma facção do Fatah.
