Participação de prefixados na dívida do governo é recorde

A dívida mobiliária interna federal subiu de R$ 1,063 trilhão em outubro para R$ 1,081 trilhão em novembro, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (20) pelo Tesouro Nacional e Banco Central. Na comparação entre outubro e novembro, a participação nos títulos prefixados passou de 32,85% para 35,16% totalizando R$ 380,32 bilhões.

O porcentual foi o maior desde o início da série histórica, em dezembro de 1999, e aproximou-se do limite do teto estabelecido pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), de 37%, informou o coordenador da Dívida Pública no Tesouro Nacional, Ronnie Tavares.

Já os títulos atrelados à taxa Selic (pós-fixados) tiveram a participação na dívida pública reduzida de 43,98% para 41,38%, totalizando em novembro R$ 447,60 bilhões.

Os papéis indexados à inflação mantiveram-se praticamente estáveis. A participação desses papéis passou de 22,13% em outubro para 22,40% em novembro, somando R$ 242,26 bilhões. A participação dos títulos atrelados à TR (Taxa Referencial) teve uma queda de 2,24% em outubro para 2,20% em novembro, totalizando R$ 23,79 bilhões. O governo, no entanto, é credor em dólar ao equivalente em R$ 12,31 bilhões. Em outubro, este valor era de R$ 12,64 bilhões.

Ronnie Tavares afirmou que o apetite do investidor por Letras Financeiras do Tesouro (LFTs, pós-fixados) vem diminuindo e, por mais que o Tesouro tenha ofertado esses papéis, a demanda não tem sido suficiente. O coordenador disse ainda que está havendo uma migração das LFTs para os títulos prefixados e os atrelados a índices de inflação.

Tavares destacou que, pela primeira vez, os leilões de Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F, papéis prefixados, com pagamento periódica de juros) superaram as emissões de Letras do Tesouro Nacional (LTN, prefixados) em um leilão tradicional. Isso ocorreu na quarta semana de novembro, quando as emissões de NTN-F totalizaram R$ 3,843 bilhões, e as de LTN somaram R$ 2,524 bilhões.

No total do mês de novembro, no entanto, as emissões de LTN continuam superando as de NTN-F. "Novembro foi um mês muito tranqüilo, do ponto de vista do cenário econômico, o que levou ao alongamento da aplicação de recursos dos investidores", disse Ronnie Tavares. Outro fator que influenciou, segundo ele, foi a mudança promovida em outubro pelo Tesouro nas regras dos leilões de prefixados.

Resgates

A elevação da dívida pública mobiliária federal interna em R$ 18 63 bilhões em novembro deve-se à emissão líquida de R$ 6,6 bilhões e à apropriação de juros no valor de R$ 12,03 bilhões. Segundo os dados divulgados pelo Tesouro Nacional, os resgates efetuados em novembro totalizaram R$ 51,1 bilhões, sendo R$ 30,4 bilhões referentes aos vencimentos do mês e R$ 20,7 bilhões de operações de compra ou troca.

O Banco Central também resgatou os últimos títulos de sua responsabilidade em poder público: R$ 2,8 bilhões em Notas do Banco Central – Série E (NBC-E). As emissões do Tesouro, por outro lado, totalizaram R$ 60,5 bilhões, sendo R$ 37,8 bilhões em títulos com remuneração prefixada, R$ 13,3 bilhões em títulos atrelados à taxa Selic e R$ 9,4 bilhões em títulos vinculados a índices de preço.

A vencer

A parcela de títulos públicos federais a vencer em até 12 meses diminuiu de 37,8% em outubro para 34,9% em novembro, segundo os dados divulgados hoje pelo Tesouro Nacional. Com isso, pela primeira vez no ano esse porcentual entrou na banda estabelecida pelo PAF para 2006, de 31% a 36%. Até outubro, esse indicador, importante para medir a capacidade de financiamento da dívida, superava o limite máximo do PAF.

Segundo o coordenador da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Ronnie Tavares, as trocas de LFTs por papéis atrelados a índice de preços realizadas em novembro ajudaram a colocar o indicador dentro do PAF. Ele informou que as LFTs recebidas eram de curtíssimo prazo, com vencimentos em novembro e dezembro de 2006 e março de 2007.

Prazo médio

O prazo médio do estoque da dívida pública mobiliária aumentou de 30,27 meses em outubro para 30,96 meses em novembro. Segundo Ronnie Tavares, essa elevação é decorrente do aumento do prazo médio das emissões de títulos, que passou de 28,70 meses em outubro para 34,37 meses em novembro.

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