As mulheres que integram ou dirigem movimentos sociais tiveram uma participação ativa durante toda a 2ª Conferencia Nacional das Cidades, que acontece desde quarta-feira (30) e termina hoje em Brasília. Uma dessas mulheres é Elvira Jesus Leite, 40 anos, integrante da Confederação Nacional da Associação de Moradores (Conam) de Belo Horizonte.

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Ela conta que começou a participar dos movimentos sociais quando se viu diante das mesmas dificuldades que já afetavam seus vizinhos. "Você começa se preocupar com os outros a partir do momento em que cai na situação deles também, a necessidade. Quando eu me vi na necessidade de moradia é que fui perceber que só ia conseguir alguma coisa se a gente se unisse por um mesmo ideal" conta. Elvira se tornou presidente da associação do bairro onde mora, Dom Pedro I, na cidade mineira de São José da Lapa. Foi essa "iniciativa de participação", segundo Elvira, "que a levou para um movimento maior, o Conam.

Ednéia Aprecida Souza foi quem convidou Elvira para a confederação. Ednéia, que é coordenadora de política para mulheres na Conam, conta que veio de uma família onde as mulheres sempre precisaram "tomar frente" para garantir o sustento da família. "Quando meu pai morreu, minha mãe estava com 30 e poucos anos eu tinha 13. Nossa família é chefiada por mulheres, sempre na batalha para garantir a sobrevivência. Quando eu tive meu primeiro filho, naquela situação de adolescente, sem marido, tive que cair em campo e construir o meu espaço, sustentar a família. Essa luta, além de dar essa concepção de que a gente tem que participar da luta de uma outra forma ? de se valorizar como mulher que constrói ?, ela ajuda a unificar a família".

As duas são companheiras no movimento em Belo Horizonte. Ambas apostam na força das mulheres à frente dos movimentos sociais. "Eu tenho participado principalmente com a visão de que o trabalho das mulheres é fundamental na construção do movimento. É ela que identifica e sofre primeiro com a falta da questão da segurança, é ela que sofre com a falta de emprego, a falta da escola e é ela que procura organizar as mães dos bairros nessas associações de moradores e de mães. Então a participação das mulheres nesse processo de construção é muito forte especialmente no movimento de luta por moradia" afirma Ednéia. Segundo ela, a participação das mulheres em movimentos sociais chega a 90%.

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