A participação das importações no consumo de bens industriais no País bateu recorde em 2006 e vai superar a barreira histórica novamente este ano, segundo projeções da Fundação Centro de Estudos em Comércio Exterior (Funcex).
Favorecidas pelo câmbio baixo, as importações fecharam 2006 com participação de 12% no consumo total de bens industriais. A taxa é três vezes e meia à registrada no início dos anos 90. O último recorde era de 11,7%, em 1998, ano anterior à desvalorização cambial.
Com a valorização do real ante o dólar, a fatia de importados no consumo de bens industriais (bens de consumo ou intermediários) deverá chegar a 12,5% este ano, estima o economista da Funcex, Fernando Ribeiro.
Ele explica que, de forma geral, houve aumento dessa taxa em quase todos os setores. Mas a substituição de produtos nacionais por importados é maior nos segmentos de eletrônicos, automóveis, farmacêutico e calçados, informa o economista.
Ribeiro ressalta que o dólar baixo estimula as importações. Ontem, a moeda americana fechou nos R$ 2,08 e alguns economistas chegaram a trabalhar com a hipótese de a taxa ?furar? a barreira dos R$ 2,00.
Com o dólar em cotação baixa gasta-se menos reais para comprar o mesmo produto importado, o que representa uma redução direta de custo para as empresas. Apenas para efeito de comparação, a fatia de importados nos bens industriais era de 3,5% em 1990.
Um levantamento da Funcex mostra que a expansão desta taxa foi mais forte em alguns segmentos. Nos equipamentos eletrônicos, nos últimos 17 anos, esse patamar saltou de 8,1% do total consumido no País para 50,9% em 2006. No caso de material elétrico, de 5,4% para 21,1% no mesmo período e no de calçados e couro, de 2,3% para 20,5%. Dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) mostram que no setor farmacêutico a importação de medicamentos avançou no primeiro mês deste ano.
A compra de produtos farmacêuticos vindos do exterior cresceu 53% em janeiro, bem acima do avanço da compra de matérias-primas para o setor no mesmo período (29,9%). No ano passado, o quadro foi semelhante: as importações de medicamentos avançaram 28,9%, o dobro da variação das matérias-primas (14,4%).
Para o vice-presidente executivo da AEB, José Augusto de Castro, o menor crescimento na compra das matérias-primas indica que a fabricação local pode vir a ser substituída por produtos prontos para consumo.