O líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), considera "totalmente improvável" a participação de 170 parlamentares no esquema de emendas ao Orçamento em benefício de empresas que vendiam ambulâncias superfaturadas para prefeituras.
O número de possíveis envolvidos foi denunciado pela assessora especial do Ministério da Saúde, Maria da Penha Lino, em depoimento a policiais federais e procuradores da República.
"Eventualmente, alguns deputados podem ter recebido dinheiro e devem ser punidos. Esta senhora está jogando um pouco de fumaça no ar para ajudar a si mesmo com a redução de pena", acredita Aleluia.
"É bom que se leve em conta de que o governo federal está querendo fomentar esta crise e levar do Executivo para o Legislativo para poder encobrir o depoimento de hoje do ex-secretario do PT, Silvio Pereira, que inclui o presidente entre os organizadores do esquema do mensalão."
O deputado do PFL baiano afirma que o esquema descoberto na Operação Sanguessuga, da Polícia Federa, é de inteira responsabilidade do Executivo federal e municipal, que executa o Orçamento e ordena as despesas. "Agora, os deputados que participaram do conluio com o Executivo, esses precisam ser punidos", pondera o líder da minoria.
Para Aleluia, a Câmara e o Senado precisam melhorar a fiscalização sobre o orçamento. Ele pretende recomendar limites que deixem explícitas as possibilidades de um parlamentar apresentar emendas ao Orçamento destinadas a um estado para o qual não foi eleito.
"Por exemplo, sou deputado pela Bahia, mas no Rio tem um serviço de tratamento do câncer, referência nacional em pesquisas. Eu então, poderia, eventualmente, colocar verbas para este instituto no sentido de que se avance na pesquisa contra o câncer. Não se pode vedar definitivamente esta possibilidade, mas que tem que ser uma possibilidade vigiada."