O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reúne-se amanhã, às 15 horas, com os líderes dos partidos na Câmara e no Senado para decidir que rumo será dado às investigações conduzidas pelas comissões parlamentares mistas de inquérito dos Correios, do Mensalão e dos Bingos.
A oposição defende que sejam criadas sub-relatorias na CPMI dos Correios para que as investigações sejam concentradas naquela comissão. Regimentalmente, Renan Calheiros considera difícil transformar as comissões dos Bingos e do Mensalão em sub-relatorias da CPMI dos Correios.
"O mais importante é a eficácia e os resultados das investigações", afirma o presidente do Senado. Ele diz ainda que sempre defendeu junto aos líderes a necessidade de aguardar os resultados das investigações sobre as denúncias de corrupção nos Correios, antes de instalar novas comissões.
Calheiros diz que sua opinião foi vencida pela oposição, que apresentou os requerimentos para instalação da CPMI do Mensalão e pela decisão do Supremo Tribunal Federal de determinar que o presidente do Senado indicasse os membros da CPMI dos Bingos. "Não vejo diferença entre três CPIs, duas ou uma, o importante é que haja o aprofundamento das investigações", afirma.
Já o relator da CPMI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), diz que a criação das sub-relatorias tem vantagens e desvantagens. Segundo ele, o mérito de criar sub-relatorias seria unificar as investigações. Na medida em que se diversifiquem as investigações com a criação de novas comissões de inquérito, Serraglio teme que isso não aprofunde os trabalhos.
A senadora Ideli Salvati (PT-SC), integrante da CPMI dos Correios, afirma que as sub-relatorias não levarão ao aprofundamento das investigações. "Mesmo dividindo em sub-relatorias, com uma única CPMI, você vai ter inúmeros focos sem conseguir aprofundar (as investigações). Imaginem a quantidade de sigilos bancários, fiscais e telefônicos que uma CPI com essa amplitude passaria a ter", diz a senadora.
"Tentar jogar tudo numa só CPMI é para evitar que a investigação chegue às últimas conseqüências", acrescenta a senadora petista ao justificar o posicionamento contrário a criação das sub-relatorias.
O deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), que também é integrante da comissão, defende a criação das subrelatorias concentrando os trabalhos na CPMI dos Correios. "Isso agiliza os trabalhos, facilita as investigações e dá mais racionalidade ao que vem sendo apreciado pela comissão", afirma o parlamentar. Ele defende que a unificação das investigações das denúncias de pagamento de mesada à parlamentares com a corrupção nos Correios aconteça paralelamente a uma divisão de tarefas mais clara na CPMI.
"O relator precisaria designar sub-relatores, cada um com a responsabilidade de ter um foco concreto de investigação", defende o pefelista. O objetivo dessa unificação seria esclarecer de onde estão partindo os recursos destinados ao suposto pagamento de mesadas aos parlamentares e para quem esse dinheiro está sendo destinado.