Parlamentares descartam colaboração de Duda Mendonça

Integrantes da CPI dos Correios estão convencidos de que o indiciamento do publicitário Duda Mendonça pela Polícia Federal não o fará colaborar com os trabalhos da comissão. Ao contrário, os parlamentares acreditam que, no novo depoimento – ainda sem data marcada – Duda será bem menos prestativo do que da primeira vez, em agosto do ano passado, quando compareceu espontaneamente à CPI.

Ele disse, na ocasião, ter aberto conta nas Bahamas por orientação do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de operar o "mensalão", para receber R$ 10 milhões como pagamento por serviços publicitários e de assessoria política prestados ao PT. No entender do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o publicitário disse "meias-verdades" em sua própria defesa e "ainda assim foi devastador", avaliou.

Duda e sua sócia Zilmar Silveira foram indiciados no último dia 2, por evasão de divisas e lavagem de dinheiro, depois de terem se recusado a colaborar com a investigação no depoimento que prestarem à Polícia Federal em Salvador. Ele se auto rotulou de "vítima política em um ano eleitoral", sem avançar nas informações sobre o dinheiro que movimenta no exterior.

A CPI dos Correios aguarda a chegada destes dados, devidamente rastreados por autoridades norte-americanas. A remessa foi acertada no encontro de promotores de Nova York com membros da comissão que foram pessoalmente pedir o desbloqueio dessas informações. O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS) acredita que serão necessárias pelo menos duas semanas para fazer o cruzamento das contas de Duda no exterior.

O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) prevê que no novo depoimento, o publicitário vai manter uma "postura retraída". "Se eu pudesse apostar, diria que ele vai manter uma postura retraída, uma postura arrependida, com interesse em construir uma história que interessa diretamente a ele", ressalvou.

ACM Neto disse temer que os dados novos sobre Duda só cheguem à CPI perto do encerramento dos trabalhos, na segunda quinzena de março. Daí porque, para evitar que isso impeça seu depoimento, o senador Álvaro Dias quer que Duda Mendonça seja ouvido logo após o Carnaval, estando ou não concluídos o exame dos dados recebidos dos Estados Unidos. "Não há razão para adiar", defendeu.

Mesmo com esta expectativa, Dias avalia que não será fácil vencer "estímulos" do governo para mantê-lo calado. Referiu-se no, no caso, ao favorecimento de sua agência com contratos de peso, como o da Petrobras.

No entender do senador, esse tipo de postura, ainda que favoreça seus negócios, pode aumentar sua responsabilidade na série de irregularidades que estão sendo investigadas pela CPI. Prevê, diante deste quadro, que a culpa pelas irregularidades será repartida com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e com Marcos Valério. "É uma saída, mas que não vai ajudar na sua defesa", observou. "Muito pelo contrário, ele perderá de uma vez por toda as chances de reconstruir o seu nome".

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