Depois de dez meses de intensa exposição aos holofotes, os parlamentares que integraram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios esperam colher os frutos nas eleições deste ano. Dos 32 integrantes da CPI, cinco devem sair candidatos a cargos majoritários e o restante, disputar a reeleição à Câmara ou ao Senado.
Em comum, todos têm a expectativa de se eleger mais facilmente depois da projeção nacional conquistada com a CPI.
Deputado de primeiro mandato, o petista José Eduardo Martins Cardozo (PT) é um dos que vivenciaram a popularidade que uma CPI traz. Como presidente da CPI da Máfia dos Fiscais na Câmara de São Paulo, Cardozo obteve uma exposição tão grande que saltou de meros 16 mil votos, na eleição de 1996, para 229 mil votos, em 2000, quando se reelegeu vereador.
"O PT foi atingido por toda essa crise. No meu caso, não sinto as pessoas me recriminando pela minha atuação na CPI dos Correios. Mas não sei se isso significa uma ampliação do meu eleitorado", comenta. "Na verdade, CPI dá muito mais força para o parlamentar que é de oposição."
Com atuação destacada na CPI dos Correios, o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), que foi relator-adjunto da comissão, mostra-se cético em relação ao aumento do número de votos nas próximas eleições. "Não sei se a CPI vai trazer mais votos na próxima eleição. Mas quem participou da CPI teve a oportunidade de se diferenciar dos outros parlamentares do Congresso, ao deixar bem claro que não está envolvido na pizza", observa Paes.
Hoje, depois da atuação na comissão, o tucano cogita até se lançar candidato do PSDB ao governo do Rio. "É o partido que quer isso", rodeia.
O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), é outro que sonha em se candidatar ao governo do Estado. De olho nesse cargo, procurou mostrar imparcialidade e defender as investigações, mesmo as que atingiram o partido.
Depois da notoriedade ganha na CPI, o relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) também almeja vôos mais altos: quer conquistar a vaga de vice-governador na chapa encabeçada pelo governador Roberto Requião (PMDB), candidato a um segundo mandato.
Pré-candidata a presidente pelo Psol, a senadora Heloisa Helena (AL) deverá beneficiar-se da projeção nacional adquirida com a CPI. Afinal, a senadora foi uma das mais assíduas às reuniões e quem mais recebia e-mails da população.
Conhecida nacionalmente, na década de 90, como a juíza que pôs na cadeia famosos bicheiros do Rio, a deputada Denise Frossard (PPS-RJ) é outra que espera aumentar a votação na disputa pelo governo do Estado nas eleições de outubro.
Para o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), que foi sub-relator de fundos de pensão, não é a participação, mas a boa atuação na CPI, que pode resultar em votos. "Ajuda o parlamentar que atuou bem a pedir voto", observa o pefelista. Na avaliação dele, a CPI ajuda até mesmo os parlamentares de partidos da base aliada ao governo. "Você pode defender a linha do partido sem cair no ridículo. Quem manteve o equilíbrio e a serenidade poderá ser preservado. Mas quem passou dos limites, certamente, será condenado pelo eleitor", aposta.
Não é o que pensa o deputado Jorge Bittar (PT), que, na última sessão da CPI, partiu para cima de Amaral, com agressões verbais e palavras de baixo calão. "A CPI não ajuda nem atrapalha na eleição. Apenas produz uma maior visibilidade. Mas a população saberá distinguir as figuras que são fiéis ao projeto original do PT."
