Parlamentares comentam pedido de Marcos Valério para obter acordo com a Justiça

Parlamentares do governo e da oposição comentaram a possível concessão do benefício da delação premiada ao empresário Marcos Valério Fernandes, caso ele colabore com a Justiça e forneça informações sobre o suposto esquema de pagamento de mesadas no Congresso Nacional. Valério prestou depoimento ontem ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, e pediu a concessão da delação premiada, direito legal que prevê a colaboração do acusado com a Justiça em troca da redução da pena.

O empresário é sócio da agência SMP&B, que mantém contratos com os Correios. Ele também foi apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como responsável pelo suposto pagamento das mesadas a parlamentares. Para o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), integrante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito criada para investigar denúncias de corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), o empresário Marcos Valério tem o dever de revelar a verdade aos parlamentares e, sobretudo, à população.

O deputado destacou que, no entanto, a CPI não tem poderes para negociar a concessão do benefício judicial ao empresário. "Quem pode negociar a delação premiada com ele é o Ministério Público. Nós, da CPI, podemos encaminhar, podemos tentar buscar proteção, podemos inclusive ouvi-lo em tudo aquilo que ele tem a falar, e fazer as gestões necessárias para a proteção da testemunha Marcos Valério caso ele queira testemunhar situações que até agora não revelou".

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), também disse que o empresário poderia colaborar com a Justiça em troca de uma possível redução de pena. "A Justiça sabiamente já propõe redução de pena, vantagens para quem colabora abrindo os seus arquivos, as suas lembranças e abrindo as suas vivências no terreno do crime", salientou o senador. "É bom para ele do ponto de vista jurídico, ele terá penas menores, e é bom para o país. Ele pode prestar um serviço brilhante ao país".

Segundo Virgílio, esse caminho seria uma boa opção para Valério. "A melhor coisa que ele faz é colocar à luz do dia os seus cofres, os seus documentos. A pior coisa que ele faria seria entrar pelo ramo que eu considero o pior de todos, que é o da chantagem. Não é bom ele chantagear ninguém, nem o governo nem ninguém de fora do governo", disse.

O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) também se posicionou a favor da delação premiada no caso de Marcos Valério. "Eu apóio totalmente, porque nós precisamos neste momento desvendar todas as dúvidas que existem sobre a corrupção no Brasil e se o preço para isso for o benefício da delação premiada, então nós temos que fazer, afinal de contas, o Marcos Valério pode ajudar muito o Brasil, se ele falar", disse.

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