Com mais de 80 pedidos de indiciamento, o parecer final que o relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), apresentará amanhã aponta fortes indícios de corrupção no governo, sobretudo em atividades ligadas à Casa Civil e ao Ministério da Fazenda no período em que eram comandados por José Dirceu e Antonio Palocci. Os dois ex-ministros estão na lista de pessoas denunciadas ao Ministério Público, juntamente com dois auxiliares muito próximo do presidente Lula: seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, e o ex-caixa de campanha e atual presidente do Serviço Brasileiro de Apoio a Micros e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamoto.
Os petistas são acusados, em conjunto ou separadamente, de envolvimento em episódios nebulosos, como a trama que resultou no assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (a acusação diz que petistas propagaram a tese de crime comum), a cobrança de propina da multinacional Gtech, ligações suspeitas para abastecer o caixa 2 do PT, tráfico de influência, corrupção na prefeitura de Ribeirão Preto, concessão suspeitas de financiamento do BNDES para favorecer a "amigos" do partido em Angola, entre outros.
A votação do relatório está prevista para o dia 20. Até lá, o presidente e o relator, senadores Efraim Morais (PFL-PB) e Garibaldi, vão tentar assegurar votos suficientes para aprovar o documento. As chances de êxito são mínimas, já que implicaria em convencer o senador petebista Mozarildo Cavalcanti (RR) a retomar seu lugar na CPI. Seu "sumiço" coincide com o empenho do governo em esvaziar as investigações.