Parceria com japoneses avalia projetos para exportar álcool

A parceria entre Petrobras, a trading japonesa Mitsui e usineiros já avalia mais de 40 projetos de construção de destilarias de álcool para a produção do combustível a ser exportado, preferencialmente para o Japão. "Agora falta a ponta do comprador ser fechada, com a formalização dos contratos de compra de álcool e, pela posição do governo japonês, tudo leva a crer que será em breve", afirmou o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

O governo brasileiro prevê que o projeto garanta uma exportação, em 2011, de 3,5 bilhões de litros de álcool por ano para o Japão e ainda um excedente para ser enviado a outros países. Hoje o Japão compra do Brasil apenas álcool para outras finalidades e não para o uso como combustível. No ano passado, toda a exportação brasileira de álcool combustível somou 2,5 bilhões de litros, a maioria para os Estados Unidos

O projeto de parceria tripartite para a construção de destilarias de etanol no Brasil tem a finalidade de honrar os contratos de exportação de etanol combustível a serem firmados entre os dois países. A Mitsui financiará a construção das destilarias, os usineiros entrarão com terra e cana-de-açúcar e a Petrobras com a logística para o escoamento. Não está prevista a participação da Petrobras como sócia nas destilarias. A estatal, além de ser a "avalista" para garantir a produção e a logística de exportação, lucraria com a comercialização com combustível..

Os contratos de fornecimento de álcool para o Japão seriam por 20 anos e os orientais também se beneficiariam de projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) para conseguirem créditos de carbono gerados pelas unidades produtoras. A FGV Projetos, consultoria da Fundação Getúlio Vargas (FGV), atua como mediadora societária para determinar a participação dos usineiros e da Mitsui nas novas unidades. Por meio da assessoria a FGV Projetos informou que não vai se manifestar sobre o tema por ter um contrato de confidencialidade assinado

O diretor de Abastecimento da Petrobras revelou que após o fechamento dos primeiros contratos, os japoneses deverão receber o combustível brasileiro entre um e dois anos, prazo necessário para a construção das unidades produtoras e do alcoolduto ligando Senador Canedo (GO) à Refinaria do Planalto (Replan), em Paulínia (SP), e ao Porto de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo.

De acordo com Costa, pela proximidade com o trajeto do alcoolduto, as destilarias construídas pela parceria serão, em sua maior parte, em Goiás, Tocantins, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Além da adição do etanol à gasolina nos veículos, os japoneses utilizarão o etanol brasileiro para a substituição do gás natural utilizado em usinas termelétricas. "Além da alteração logística no Brasil, será preciso uma adaptação também no Japão, com a construção, por exemplo, de um sistema de tancagem para o álcool nas usinas de energia", explicou o diretor de Abastecimento da Petrobras.

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